O Rio Grande do Sul enfrenta uma das suas piores crises climáticas em anos, com chuvas torrenciais e enchentes devastadoras afetando significativamente a produção agropecuária. Entre 29 de abril e 5 de maio, o estado experimentou um período de condições climáticas extremamente desfavoráveis, resultando em inundações extensas, erosões e perda de safra. O Informativo Conjuntural da Emater/RS-Ascar, divulgado na última quinta-feira (09/05), detalha os graves danos causados por esse evento.
Os setores mais afetados foram soja, arroz e feijão da segunda safra, que sofreram erosão, enchentes e longos períodos de encharcamento, comprometendo a qualidade dos grãos e tornando a colheita um desafio hercúleo. Algumas áreas, principalmente as de topografia declivosa, registraram sulcos profundos, especialmente em regiões com práticas inadequadas de manejo do solo.
Além das culturas agrícolas, a produção de hortaliças e frutas foi drasticamente impactada, com vastas áreas submersas. O setor de criação de gado leiteiro também sofreu duras perdas, com pastagens destruídas, problemas no transporte do leite e até mesmo morte de animais devido ao transbordamento de açudes.
Em relação à soja, a colheita estava em sua fase final, mas as chuvas interromperam a operação, afetando significativamente as áreas remanescentes. A qualidade dos grãos colhidos é preocupante, com algumas áreas registrando até 100% de perda. No caso do milho, a colheita foi lenta e houve perdas significativas, especialmente nas regiões de Lajeado e Caxias do Sul, onde algumas lavouras foram completamente destruídas.
O feijão da segunda safra também teve prejuízos consideráveis, com produtividade abaixo do esperado devido ao clima adverso. A colheita do arroz foi outra atividade comprometida pelas enchentes, especialmente em áreas de várzea, onde o acesso é mais difícil e a infraestrutura de secagem foi danificada.
Os danos se estendem para além das lavouras. Estradas, pontes e outras infraestruturas essenciais para o transporte e armazenamento de produtos agropecuários foram destruídas, dificultando a logística do setor. As dificuldades de acesso também atrasam a avaliação precisa das perdas, com os extensionistas da Emater/RS-Ascar ainda trabalhando para obter uma compreensão completa da situação.
O impacto nas pastagens e na produção de leite foi especialmente grave. Em várias regiões do estado, o gado ficou sem pasto devido ao alagamento, comprometendo a produção leiteira e causando lesões nos animais. Em áreas como Porto Alegre e Santa Maria, houve mortes de animais por afogamento e problemas significativos com o acesso para coleta do leite.
A apicultura, a ovicultura e a pesca artesanal também sofreram com as chuvas intensas e as enchentes. As colmeias foram perdidas em várias áreas, e a pesca artesanal foi impactada por inundações, interrompendo a captura de diversos peixes e camarões. Em regiões como Pelotas e Tavares, muitas famílias de pescadores foram forçadas a abandonar suas casas devido às enchentes.
A dimensão completa dos danos ainda está sendo avaliada, mas o impacto é claramente devastador para a economia agrícola do Rio Grande do Sul. Os produtores e comunidades afetadas enfrentam um longo caminho de recuperação, com muitas incertezas sobre a viabilidade de suas atividades no futuro próximo.
Fonte: portaldoagronegocio