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Agronegócio

Impacto dos Incêndios nas Safras de Cana-de-Açúcar em São Paulo: Uma Ameaça Real

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As queimadas registradas em São Paulo nas últimas semanas podem comprometer a das próximas duas safras de cana-de-açúcar. Segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), foram identificados 2,6 mil focos de calor entre os dias 22 e 24 de agosto, sendo que 80% desses incêndios ocorreram em áreas agropecuárias, atingindo principalmente as ções de cana. Estima-se que os prejuízos possam chegar a R$ 500 milhões, com 80 mil hectares afetados, de acordo com a Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana).

A origem dos incêndios ainda está sob investigação, mas os impactos no setor devem se estender pelos próximos ciclos de produção. Almir Torcato, gestor corporativo da Associação dos Plantadores de Cana do Oeste de São Paulo (Canaoeste), explica que as perdas são consideráveis, sobretudo em canaviais prontos para colheita, que precisaram ser retirados de forma emergencial. “Embora o ciclo desta safra estivesse semelhante ao anterior, o clima seco já indicava uma quebra. Agora, com os incêndios, esse impacto será ainda maior”, afirma Torcato.

Além das áreas prontas para colheita, solos já tratados após a colheita também foram atingidos. Em muitos casos, as plantações não conseguirão rebrotar, exigindo novos plantios que só estarão aptos para colheita na safra de 2026/2027. “Embora no passado a prática de queimar cana fosse comum, hoje em dia ela é totalmente indesejável. Atualmente, 100% da colheita é mecanizada, com foco na qualidade do produto e na geração de energia, o que torna ainda mais prejudicial qualquer incêndio”, acrescenta Torcato.

Impacto na Produção e no Mercado

Haroldo Torres, economista do Pecege, destaca que, embora mais da metade da safra já tenha sido colhida, o restante da produção se encontra em condições abaixo do ideal devido ao estresse climático. Isso pode causar uma “morte súbita” de canaviais em algumas regiões fortemente afetadas, como Araçatuba, Catanduva e São José do Rio Preto.

“A safra 2023/2024, que inicialmente prometia bons resultados, agora enfrenta grandes desafios devido ao clima seco e às altas temperaturas do verão, que prejudicaram o desenvolvimento dos canaviais”, explica Torres. A produtividade pode sofrer uma retração de até 6,8% em relação ao ano anterior, e a safra 2024/2025 terá uma entressafra prolongada, exigindo planejamento adicional por parte dos produtores para lidar com os altos custos fixos e ajustes na mão de , incluindo a adoção de programas de layoff em algumas empresas.

Do ponto de vista industrial, as condições adversas forçaram as usinas a adaptar suas estratégias. Maurício Muruci, analista da Safras & Mercado, observa que as chuvas fracas esperadas para os próximos meses no Centro-Sul podem favorecer o etanol, devido à sua maior liquidez no mercado. Além disso, o índice de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) foi inferior ao esperado, o que resulta em um menor volume de produção de açúcar, contrariando as expectativas iniciais.

O mercado de açúcar já sente os efeitos dessas condições, com os preços alcançando entre 19 e 20 centavos de dólar por libra-peso. A competitividade com o etanol de milho também se intensifica, à medida que novas usinas entram em operação, oferecendo uma alternativa mais econômica para suprir a demanda por biocombustíveis. “O etanol de milho tem um papel importante ao compensar a menor oferta de etanol de cana-de-açúcar, consolidando-se como uma opção viável para o mercado”, analisa Muruci.

Apesar das incertezas, Torcato salienta que ainda é cedo para medir com precisão o impacto nos preços do açúcar e do etanol, uma vez que o mercado internacional é dinâmico e depende de múltiplos fatores. Ele também ressalta a importância das ações preventivas que a Canaoeste realiza junto aos produtores, como o monitoramento via satélite e a formação de grupos de combate a incêndios, medidas essenciais para mitigar os danos causados pelas queimadas.

Fonte: portaldoagronegocio

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