A consultoria Stonex realizou um levantamento sobre os incêndios que atingiram áreas de cana-de-açúcar no estado de São Paulo, maior produtor de açúcar do Brasil, e projetou uma redução de aproximadamente 470 mil toneladas na produção de açúcar para a safra 2024/25. O número representa cerca de 3% do potencial de exportação do Centro-Sul do país para o restante da safra. Contudo, a magnitude exata das perdas ainda é incerta.
Segundo o relatório da Stonex, ainda não é possível determinar com precisão o quanto da produção de açúcar será comprometida pelos incêndios, pois a extensão das perdas depende de fatores como a área total impactada, o percentual do mix açucareiro afetado e a redução na produtividade das lavouras. “As perdas para a safra 2024/25 permanecem incertas devido à dificuldade de identificar o tipo de cana atingido. Mesmo queimada, a cana pode ser moída e aproveitada em alguns casos”, apontou o documento.
A estimativa foi baseada em dados do portal Terrabrasilis, uma plataforma de monitoramento de queimadas no Brasil, coordenada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). De acordo com esses dados, foram registrados 3.612 focos de incêndio em São Paulo durante o mês de agosto, um número significativamente superior ao recorde anterior de menos de 2.500 focos.
Cruzando essas informações com a plataforma Painel do Fogo, a Stonex identificou entre 210 mil e 220 mil hectares de canaviais afetados pelos incêndios entre os dias 22 e 24 de agosto, quando 2.621 focos foram registrados no estado. Contudo, é necessário avaliar com maior precisão o impacto nas áreas onde a cana já estava em fase avançada de maturação e pronta para a colheita. Canaviais que estavam em fase de crescimento, se queimados, podem ter a colheita antecipada, enquanto áreas em fase de brotamento e com soqueiras apresentam um risco maior, podendo exigir replantio, conforme explicou a consultoria.
Diante desse cenário, a Stonex elaborou uma projeção hipotética em que 30% da área afetada, de cerca de 215 mil hectares, seria totalmente perdida, sem possibilidade de aproveitamento. Assumindo uma queda no mix açucareiro para 40%, abaixo da previsão atual de 50%, isso resultaria em uma perda de aproximadamente 470 mil toneladas de açúcar devido aos incêndios.
Apesar dessa perda, a consultoria destacou que, no cenário global, o impacto será limitado. A perda de 470 mil toneladas representaria uma redução de 490 mil toneladas na produção global de açúcar bruto, mas não alteraria o consenso de superávit nas safras 2023/24 e 2024/25, estimadas em 4,6 milhões de toneladas e 1,2 milhão de toneladas de saldo positivo, respectivamente. No curto prazo, a perda pode ter relevância, mas o Brasil dispõe de estoques amplos e exportações robustas, minimizando os efeitos no fluxo comercial.
Em um horizonte de médio prazo, a Stonex pontua que a perda estimada de 470 mil toneladas corresponde a apenas 3% do volume a ser exportado pelo Centro-Sul do Brasil no restante da safra 2024/25, sem causar impacto significativo na disponibilidade global do açúcar demerara.
Fonte: portaldoagronegocio