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Agronegócio

Desafios contemporâneos impulsionam a Embrapa Agrossilvipastoril a se adaptar e inovar

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Uma das mais jovens Unidades da cinquentenária Embrapa, a Embrapa Agrossilvipastoril já nasceu no século XXI, com missão focada em atender ao desafio de aumentar a produção agropecuária de uma forma mais sustentável. O objetivo desde sua criação, em 2009, é o de desenvolver sistemas integrados de produção agropecuária, como a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF).

O centro de pesquisa está localizado em Sinop (MT), uma das principais regiões produtoras de grãos e carne do país, na transição entre os biomas Cerrado e Amazônia. Sua criação visou atender a uma demanda de Mato Grosso, que até então não contava com uma Unidade da Embrapa, embora a empresa já desenvolvesse pesquisas no estado. 

“Havia também o interesse, por parte do Governo Federal, de desenvolver tecnologias agrícolas mais sustentáveis, adequadas à região pré-Amazônica, de forma a criar uma zona de amortecimento e de proteção à Amazônia”, relembra João Flávio Veloso Silva, o primeiro chefe-geral da Embrapa Agrossilvipastoril, atualmente na chefia da Embrapa Alimentos e Territórios (Maceió-AL).

Resultados 

Um dos diferenciais deste centro de pesquisa foi seu planejamento visando trabalhar com experimentos de larga escala e de longa duração, possibilitando um conhecimento mais aprofundado e linear sobre os sistemas integrados. Nestas bases experimentais, com mais de 12 anos, pesquisadores de diferentes especialidades coletam dados, gerando conhecimento multidisciplinar que traz contribuições para o setor produtivo não só de Mato Grosso. 

“Resultados de desempenho temporal da produtividade de culturas de milho e soja em sistemas sombreados, condução adequada do componente florestal, comportamento de recursos hídricos em vários tipos de manejo, doenças e pragas, ganhos e desafios da produção pecuária de corte e leite, microbiologia do solo em ambientes de integração são algumas das contribuição nesta maneira de intensificar  e não mais aumentar a área de produção”, enumera a atual chefe-geral da Embrapa Agrossilvipastoril, Laurimar Vendrusculo. 

O desenvolvimento e validação de opções de culturas e consórcios de segunda safra para o estado de Mato Grosso é outra contribuição dada pela Unidade ao longo desses anos. Tecnologias tanto para a integração lavoura-pecuária quanto para sistemas de plantio direto possibilitam ao produtor ter alternativas de escolha. 

Pesquisadores da Embrapa Agrossilvipastoril participam da rede responsável pelo Zoneamento Agrícola de Risco Climático de diferentes culturas em Mato Grosso. A elaboração e validação dos zoneamentos orientam e trazem mais segurança para os agricultores na decisão sobre o momento ideal de plantio para minimizar o risco de frustração de safra.

Agricultores familiares também vêm sendo beneficiados pelo trabalho da Embrapa Agrossilvipastoril com sistemas agroflorestais, pecuária leiteira, fruticultura, entre outras culturas. Da mesma forma, a atividade extrativista de castanha-do-brasil foi beneficiada com ações de boas práticas de coleta e armazenamento e com pesquisas para conservação da biodiversidade das castanheiras.

Transferência de tecnologia

A transferência de tecnologias é outro grande destaque da atuação da Embrapa Agrossilvipastoril em seus 14 anos. Mesmo antes do centro de pesquisa gerar seus próprios resultados, tecnologias de outras Unidades eram trazidos aos profissionais de assistência técnica e extensão rural por meio de capacitações continuadas em diferentes cadeias produtivas. 

No caso dos sistemas integrados, as estratégias de transferência de tecnologia e comunicação adotadas, como montagem de Unidades de Referência Tecnológica, realização de capacitações e dias de campo, entre outras, possibilitaram grande aumento na adoção desses sistemas. Em 2020 já eram 2,6 milhões de hectares com integração lavoura-pecuária (ILP) em Mato Grosso.

Desafios contemporâneos

Para João Flávio Veloso Silva, os desafios que nortearam a criação do centro de pesquisa não só permanecem atuais, como ganharam maior importância. “Essencialmente as demandas permanecem as mesmas, pois elas são muito ambiciosas e contemporâneas. O Centro precisa perseverar nesta temática, ainda que muitas vezes as agendas de determinadas commodities agrícolas queiram dominar a demanda”, avalia o ex-chefe-geral.

Laurimar Vendrusculo lembra que muitos desses desafios, relacionados à agenda de responsabilidade ambiental, social e governança são permanentes. Além disso, a presença da Unidade em uma importante região agropecuária do país, faz com que receba muitas demandas do setor produtivo nas quais precisa atuar. Exemplos recentes são problemas surgidos na cultura da soja como a quebra de haste e a podridão das vagens. 

Da mesma forma, desafios relacionados ao acompanhamento agroclimatológico, com uso de ferramentas inteligentes e sensoriamento remoto, por exemplo, são importantes de serem trabalhados como forma de oferecer informações mais qualificadas para o setor produtivo. O acompanhamento e monitoramento de resistência a pesticidas e a viabilidade de fontes alternativas de bioenergia para as indústrias de etanol de milho são outros exemplos trazidos pela chefe-geral de novos desafios que surgem para a Embrapa Agrossilvipastoril. 

De acordo com Laurimar Vendrusculo, a atuação da Unidade continua sendo estratégica não só para Mato Grosso, mas também para todo Brasil. Assim deverá permanecer nos próximos anos. “A Embrapa Agrossilvipastoril está alinhada com a Agenda 2030 dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) relacionados à sustentabilidade econômica, ambiental e social da agropecuária brasileira. Antecipando e produzindo resultados que podem ser utilizados e, se adotados, farão a diferença na agricultura tropical brasileira”, afirma.

Fonte: portaldoagronegocio

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