A Consultoria Agro do Itaú BBA publicou o relatório “Agro Mensal – julho 2024”, que traz os fatos recentes do setor cafeeiro e atualizações das perspectivas para o mercado de café. O documento destaca que, após uma forte correção dos preços na segunda quinzena de abril, as cotações do café voltaram a subir consistentemente a partir de maio.
Preços em Alta no Cenário Internacional
A recente recuperação dos preços foi impulsionada pela incerteza persistente em torno do robusta, exacerbada pelas dificuldades logísticas, incluindo o aumento dos fretes marítimos de contêineres. No Brasil, a desvalorização cambial também sustentou os preços, com o arábica sendo negociado em torno de R$ 1.400 por saca e o conilon a R$ 1.200 por saca. Mesmo com essas altas, o robusta brasileiro permanece relativamente barato em comparação com os preços em Londres e no Vietnã.
Exportações Brasileiras em Alta
As exportações brasileiras de arábica e robusta atingiram níveis elevados mesmo no final do ano safra 2023/24. Em abril e maio, os embarques superaram as expectativas, refletindo baixos estoques típicos de fim de safra. Nos últimos doze meses, foram exportadas 46,34 milhões de sacas, um número que deve estabelecer um novo recorde histórico.
Desafios na Colheita Brasileira
A colheita de café no Brasil avançou bem do ponto de vista climático, sem episódios de chuva, com cerca de 45% concluída. No entanto, produtores de arábica e conilon no Espírito Santo relataram frustrações com a qualidade dos grãos, que apresentaram desuniformidade e tamanhos reduzidos devido à falta de chuvas e altas temperaturas durante as floradas do ano passado.
Perspectivas para o Curto Prazo
Apesar de um balanço global de café para 2024/25 que sugere um alívio marginal, espera-se que os preços permaneçam elevados no curto prazo. Fatores como o fluxo apertado de robustas, o risco de geadas no Brasil, a limitada disponibilidade de café da nova safra e as dúvidas quanto ao real tamanho da colheita brasileira contribuem para essa projeção.
Estimativas do USDA
O USDA compilou dados de seus adidos agrícolas e divulgou a primeira estimativa para o balanço global de 2024/25. Para o Brasil, a produção foi estimada em 69,9 milhões de sacas, ligeiramente acima das 69,4 milhões previstas anteriormente. A produção de arábica deve alcançar 48,2 milhões de sacas (7,3% a mais que no ano anterior) e a de robusta, 21,7 milhões de sacas (1,4% de aumento). O USDA acredita que o Brasil repetirá a safra recorde de 2020/21, mas com menos arábica e mais robusta.
Situação no Vietnã e Indonésia
Para a safra do Vietnã, a ser colhida no final do ano, a visão do USDA é mais otimista que a de outros analistas, prevendo uma queda suave de apenas 0,3% em 2024/25, apesar da seca no primeiro trimestre de 2024. A projeção para a Indonésia indica um retorno ao potencial após um ciclo 2023/24 afetado pelo El Niño.
Consumo Global
Estimativas indicam um aumento de 1,8% no consumo global após uma redução de 1% em 2023/24. Se concretizado, o saldo entre produção e consumo global deve resultar em um superávit de quatro milhões de sacas, um valor relativamente pequeno e ainda incerto.
Essa análise da Consultoria Agro do Itaú BBA oferece uma visão abrangente e detalhada das atuais dinâmicas e desafios do mercado de café, ajudando produtores e investidores a tomarem decisões informadas no cenário agrícola global.
Fonte: portaldoagronegocio