O mercado de açúcar permanece estável, influenciado principalmente por fatores externos e a situação climática no Centro-Sul do Brasil. As chuvas recentes e a ausência de novidades significativas sobre a safra contribuem para essa estabilidade, ao mesmo tempo em que a macroeconomia global, incluindo os preços de energia e o dólar, se torna um fator de maior impacto.
De acordo com Lívea Coda, analista de Açúcar e Etanol da Hedgepoint Global Markets, a queda recente nos preços do petróleo e do gás natural, associada à diminuição das tensões geopolíticas, afetou o preço do açúcar, que vinha apresentando relativa estabilidade. Esse cenário de mercado mais calmo tem levado a uma diminuição do interesse de fundos e especuladores, tornando o mês de outubro mais lento para as negociações.
A analista destaca que a retirada do prêmio de risco relacionado ao conflito no Oriente Médio, juntamente com a valorização do dólar, mesmo após o corte nas taxas de juros em setembro, contribuiu para a fraqueza do mercado de açúcar na semana passada. Essa tendência reflete uma possível reconfiguração da correlação entre o açúcar e a macroeconomia global, um sinal de que o mercado carece de novos fundamentos para sustentar sua dinâmica atual.
Embora os preços permaneçam elevados, com o contrato de março negociado acima de 22,5 c/lb — um prêmio de mais de 500 pontos em relação ao histórico para a mesma época do ano —, a analista observa que, para que ocorra uma maior volatilidade e uma possível alta nos preços, seria necessário um movimento mais significativo nos fundamentos do mercado.
Expectativas para a Safra e Previsões para 2025
O desempenho da exportação brasileira tem se mostrado forte, com a nomeação de navios de açúcar sugerindo que o Brasil exportou mais de 3 milhões de toneladas em outubro, superando o volume do ano passado, quando as chuvas interromperam o carregamento. Esse ritmo contínuo contribui para a manutenção dos preços estáveis no porto de Santos. Contudo, à medida que a entressafra se aproxima, espera-se que a disponibilidade de açúcar no Brasil diminua, o que pode pressionar os preços a partir de 2025, especialmente se a Índia não decidir exportar.
Lívea Coda projeta que o Brasil exportará 31,5 milhões de toneladas de açúcar na safra 2024/2025, o que representa uma queda de 5,3% em relação ao ciclo anterior. As previsões climáticas apontam chuvas benéficas para o desenvolvimento da safra 2025/2026, mas também indicam que elas podem interromper o carregamento nos portos, afetando o ritmo das exportações.
A incerteza sobre o impacto das chuvas na safra do próximo ciclo é um fator importante para as projeções de preço. A analista sugere que, caso as chuvas de verão sejam adequadas, a tendência de alta nos preços do açúcar poderá perder força a partir de fevereiro de 2025, quando a nova temporada de colheita começar a ser mais bem avaliada. No entanto, caso as condições climáticas não favoreçam o cultivo da cana-de-açúcar, a alta pode continuar.
Conclusão
Em síntese, o mercado de açúcar atravessa uma fase de estabilidade impulsionada por uma redução na volatilidade e pela ausência de grandes surpresas nos fundamentos do mercado. A dinâmica macroeconômica global, o comportamento do dólar e a oferta de açúcar nos próximos meses serão determinantes para as projeções de preço. Enquanto o Brasil se aproxima de sua entressafra, a expectativa é de uma possível alta nos preços entre o quarto trimestre de 2024 e o primeiro trimestre de 2025. No entanto, as condições climáticas e a disponibilidade de açúcar nos próximos meses ainda são fatores cruciais para determinar se essa tendência será sustentada.
Fonte: portaldoagronegocio