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Agronegócio

Café: Preços em Alta diante das Incertezas na Oferta

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O mercado de café tem apresentado uma trajetória ascendente nos últimos trinta dias, impulsionado pela incerteza em torno da próxima safra brasileira (2025/26), em razão da longa estiagem. Este cenário tem gerado apreensão, principalmente em relação ao fornecimento de robusta.

As chuvas nas regiões produtoras de café no Brasil começaram a faltar precocemente, com abril apresentando um índice de precipitação quase nulo. Embora essa ausência de chuvas não tenha afetado negativamente a safra 2024/25, que teve uma colheita mais rápida e sem problemas de qualidade, trouxe preocupações para 2025/26. O déficit hídrico, combinado com o calor intenso, pode reduzir o potencial produtivo da safra.

Além disso, a safra 2024/25 do Vietnã, que será colhida nos próximos meses, está sujeita a incertezas devido à seca que atingiu o país asiático no início do ano, durante o período de floradas. Esse fator continua a pressionar os preços globais do robusta, que, recentemente, atingiram USD 5.700/t na bolsa de Londres, uma alta de 35% desde o início de agosto.

No mercado do arábica, a cotação superou USD 2,60/lp, com um aumento mais moderado de 15% no mesmo período. No Brasil, o conilon viu uma alta de 18%, enquanto o arábica aumentou 4% desde agosto. Notavelmente, desde o início de setembro, o conilon tem sido negociado com um ágio de cerca de R$ 40/saca sobre o arábica, refletindo a intensa demanda.

Apesar do custo relativamente menor do conilon brasileiro em comparação com o robusta no Vietnã, as exportações brasileiras desse grão estão aquecidas. Segundo o Cecafé, o país embarcou mais de 6 milhões de sacas de conilon entre janeiro e agosto de 2024, um aumento de 200% em relação ao mesmo período do ano anterior, estabelecendo um recorde histórico. O total exportado alcançou 31,9 milhões de sacas, um crescimento de 39% em comparação ao ano passado.

A expectativa é de que a continuidade das chuvas, prevista para os próximos dias, traga alívio para as floradas em um cenário desafiador. No entanto, o balanço global apertado deve limitar quedas nos preços, mesmo que as chuvas ajudem na recuperação das lavouras.

Estimamos que a safra 2024/25 será de 65,5 milhões de sacas, com 44,5 milhões de sacas de arábica e 21 milhões de sacas de conilon, representando quedas de 1,2% no total, 0,9% para arábica e 1,9% para robusta em relação ao ano anterior. A revisão da estimativa do USDA reflete a menor produtividade observada após o beneficiamento devido à seca e calor excessivo no ano passado. Com uma previsão também reduzida para a safra do Vietnã, antecipamos um pequeno déficit global, o que amplia o aperto no balanço global.

Embora a elevada posição líquida dos fundos não comerciais no mercado de café – com 57 mil contratos comprados – justifique uma proteção contra possíveis correções de preços, acreditamos que o cenário de preços sustentados prevalecerá. Para os compradores, o desafio é significativo devido à postura cautelosa dos produtores em negociar, especialmente para a safra futura, e à necessidade crescente de capital para a originação. Além disso, com as curvas futuras do arábica e robusta invertidas, a operação de carrego continua inviabilizada.

O mercado de robusta deverá permanecer volátil nos próximos meses devido à incerteza em relação à safra do Vietnã, enquanto no Brasil, a disputa pela compra do grão e a robusta demanda de exportação manterão o mercado desafiador para os compradores.

Fonte: portaldoagronegocio

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