O mercado de arroz encerrou 2024 sob forte pressão de preços, reflexo da recuperação da oferta global e do aumento da produção no Mercosul. Os preços do cereal na Bolsa de Chicago caíram 7,8% em dezembro, encerrando o ano em USD 300,05/t, frente aos USD 335,43/t do início do mês. Essa retração foi impulsionada pelo retorno da Índia às exportações e pela expansão da área cultivada em países como Argentina, Paraguai e Uruguai, que aumentaram a produção em mais de 10% na safra 2024/25.
No Brasil, os preços também apresentaram queda em dezembro, com o arroz sendo comercializado a R$ 99,15/saca de 50 kg no Rio Grande do Sul, segundo o CEPEA, uma redução de 3% em relação a novembro. Ainda assim, a média anual de preços em 2024 foi 19% superior à de 2023, atingindo R$ 113/saca — o maior patamar dos últimos cinco anos.
Margens Industriais e Consumo
Em São Paulo, principal estado consumidor, o arroz agulhinha T1 registrou forte alta, com o preço do fardo de 30 kg chegando a R$ 173, um aumento de 4,7% no mês. Esse cenário favoreceu as margens de contribuição da indústria, que alcançaram 24%, o dobro da média histórica de 12%. As margens devem permanecer elevadas caso a oferta robusta do produto no Mercosul se concretize.
Perspectivas para a Safra 2025
De acordo com relatório da Consultoria Agro do Itaú BBA, as condições climáticas e o aumento da área plantada indicam um cenário promissor para a safra brasileira de arroz em 2025, com previsão de 12,1 milhões de toneladas (em casca), segundo a Conab. Isso representa um crescimento de 14% em relação à safra anterior, impulsionado pela melhoria na produtividade e na área cultivada.
No Rio Grande do Sul, estado responsável por grande parte da produção nacional, o plantio da safra 2024/25 foi concluído em 98% da área prevista, apesar das enchentes de maio que afetaram a região central. Em Santa Catarina, o plantio também foi finalizado, com chuvas benéficas para o desenvolvimento das lavouras no Sul do país.
No entanto, há incertezas climáticas devido ao fenômeno La Niña, que pode impactar a produção brasileira. Mesmo assim, o cenário no Mercosul permanece favorável, com o USDA projetando a maior safra do bloco nos últimos 10 anos, estimada em 10,9 milhões de toneladas de arroz beneficiado (cerca de 16 milhões de toneladas em casca).
Para o Brasil, o USDA prevê uma produção de 8 milhões de toneladas de arroz beneficiado (11,8 milhões de toneladas em casca), uma estimativa ligeiramente inferior à da Conab.
Com a expansão da oferta no Mercosul e condições climáticas propícias até o momento, o setor de arroz deve continuar enfrentando um ambiente de preços pressionados no mercado internacional e local.
Fonte: portaldoagronegocio