Em agosto, os preços da soja na Bolsa de Chicago apresentaram uma queda devido ao bom desenvolvimento da safra americana. Contudo, nos primeiros dias de setembro, o grão registrou valorização na CBOT, refletindo uma leve alta nos preços internos. Após uma queda de 3,4% em agosto, o preço médio em setembro mostra um incremento de 1%, alcançando USD 9,91 por bushel. O prêmio de exportação continua em ascensão, impulsionado pela forte demanda externa pela soja brasileira, o que favoreceu a comercialização do grão, embora o mercado ainda enfrente um atraso.
Observou-se um movimento de recompra por parte dos fundos, que estavam excessivamente vendidos, impulsionado por uma leve deterioração nas condições das lavouras americanas. Além disso, o clima extremamente seco no Brasil e a perspectiva de atraso das chuvas para o plantio da safra de verão 2024/25 geraram alguma preocupação, contribuindo para a leve alta dos preços no início de setembro. No acumulado dos primeiros dez dias do mês, as cotações em Paranaguá apresentaram um aumento de 5%, atingindo R$ 140 por saca.
No acumulado de janeiro a agosto de 2024, as exportações de soja alcançaram 83,4 milhões de toneladas, um aumento de 3,2% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando os embarques totalizaram um recorde de 101,8 milhões de toneladas. A China, até agosto, foi responsável por 73% do volume total exportado pelo Brasil. Dados da alfândega chinesa indicam que, entre janeiro e julho de 2024, as importações de soja pela China foram 3% menores em comparação ao mesmo período de 2023, mas o volume importado do Brasil aumentou em 12%.
A comercialização da safra 2023/24 continua com um atraso de 4 pontos percentuais em relação à média dos últimos anos, com 82% da safra comercializada até o início de setembro, de acordo com a Safras & Mercado. Para a safra 2024/25, o atraso é semelhante, com 23% da safra comercializada contra a média de 26% para esta época do ano.
No relatório de setembro, o USDA manteve a produtividade das lavouras americanas em 3,6 toneladas por hectare (59,7 sacas por hectare). A falta de chuvas que afeta grande parte do Brasil está prejudicando os rios desde a Amazônia até a Região Sul. Apesar do fim do vazio sanitário da soja, não se espera um avanço significativo no plantio em setembro. Esse atraso pode impactar outras culturas, como algodão e milho safrinha.
A produção de soja nos EUA foi reduzida em 100 mil toneladas, e os estoques projetados para 2024/25 caíram 200 mil toneladas, para 15 milhões de toneladas. No entanto, há um incremento de 61,7% em relação à safra anterior. O estoque global final teve um leve ajuste para cima, com um aumento de 300 mil toneladas em relação a agosto, enquanto as projeções de produção para o Brasil e Argentina foram mantidas em 169 e 51 milhões de toneladas, respectivamente.
Os rios Paraná e Paraguai estão próximos dos níveis mínimos do ano, o que tem dificultado a navegação e o transporte de grãos. Embora o impacto atual seja limitado devido à sazonalidade dos embarques, as barcaças estão operando com menor capacidade e maior tempo de navegação.
A perspectiva de atraso no regime de chuvas no Brasil pode impedir um plantio acelerado para a safra 2024/25. Modelos climáticos apresentam divergências quanto à entrada das frentes frias, mas há um consenso de que isso ocorrerá de forma irregular. Apesar da possibilidade de atraso, o cenário para a safra brasileira permanece positivo, com a expectativa de que, quando as chuvas se estabeleçam, elas ocorram dentro da normalidade.
Caso o atraso se prolongue, pode haver uma migração da soja para a primeira safra de algodão, devido à janela apertada para o plantio da safrinha de fibra no Mato Grosso. Além disso, o atraso na soja poderá atrasar o plantio do milho segunda safra, aumentando os riscos climáticos para o desenvolvimento do cereal e podendo resultar em uma logística mais ociosa em janeiro devido ao início tardio da soja.
Fonte: portaldoagronegocio