A Maternidade Escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), localizada na zona sul da capital fluminense, se consolidou como referência nacional no acolhimento ao luto gestacional. A unidade apresenta práticas que priorizam o respeito e a humanização no atendimento a famílias que enfrentam a perda de um bebê durante a gestação, o parto ou nos primeiros dias de vida.
Desde agosto, está em vigor a política nacional de humanização do luto materno e parental, que garante um tratamento mais sensível e respeitoso a pais e mães enlutados. Entre as determinações, estão o direito das famílias a um último momento de despedida com o bebê, a realização de registros simbólicos e a inclusão do nome da criança na certidão de óbito.
Na maternidade da UFRJ, esse momento acontece em um espaço reservado e acolhedor conhecido como “morge”. Ali, familiares podem se despedir com tranquilidade e privacidade. Segundo a psicóloga Paula Zanuto, cada despedida é tratada com delicadeza e empatia, respeitando o tempo e o modo de cada família viver o luto.
A unidade criou um ambiente com decoração suave, mantinhas e roupinhas de recém-nascido, além de corações de pano produzidos por voluntárias, entregues como lembrança aos pais. “Oferecemos um par: um fica com a família e outro é colocado junto ao bebê”, explicou a psicóloga e chefe da Unidade de Atenção Psicossocial, Daniela Porto Faus.
Há mais de 15 anos, a maternidade desenvolve ações voltadas à humanização do cuidado, incluindo a Enfermaria da Finitude, destinada exclusivamente a mães enlutadas, para evitar o convívio com puérperas e bebês em aleitamento, o que poderia intensificar o sofrimento emocional.
A chefe da Divisão de Gestão do Cuidado, Andrea Marinho Barbosa, afirma que a ampliação do espaço do morge está entre as prioridades. “Nosso desafio é a estrutura física. O ambiente ainda é pequeno para acolher todas as famílias”, destacou. Mesmo assim, a equipe garante privacidade nas despedidas, inclusive em leitos e unidades de terapia intensiva, utilizando biombos quando necessário.
A nova lei também prevê a oferta de acompanhamento psicológico após a alta hospitalar. A maternidade oferece esse suporte presencial e remoto, embora reconheça limitações de equipe e logística. “Queremos ampliar parcerias para atender as famílias em outras unidades”, acrescentou Andrea.
Além das medidas de apoio emocional, a política permite parcerias com organizações do terceiro setor e recomenda a inserção do tema do luto gestacional na formação de profissionais da saúde. A maternidade da UFRJ também promove musicoterapia para pacientes e profissionais, aliviando o peso emocional das experiências vividas.
A diretora Penélope Saldanha destaca que a consolidação dessa política exige mudança cultural nas instituições. Ela lembra que, assim como a presença de acompanhantes no parto se tornou um direito, a humanização do luto também deve ser incorporada de forma definitiva aos protocolos hospitalares.
Referência para seis unidades básicas de saúde do Rio de Janeiro, a Maternidade Escola da UFRJ realiza pré-natal de alto risco, partos de emergência e atende casos de doenças gestacionais complexas, reforçando sua missão de unir técnica, empatia e acolhimento em todas as fases da maternidade — inclusive nas mais dolorosas.
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Fonte: cenariomt






