O município de Sorriso (MT), considerado a capital do agronegócio, vive uma situação peculiar no sistema de saúde. Enquanto a população estimada pelo IBGE em 2024 é de 120.561 habitantes, a cidade possui 237.667 cartões do Sistema Único de Saúde (SUS) ativos. Isso representa 49,27% a mais de cadastros do que o número oficial de moradores.
Os dados foram apresentados pela Secretaria Municipal de Saúde e chamam atenção pela discrepância, já que, na prática, há quase o dobro de cartões SUS em relação ao total populacional informado pelo IBGE.
Por que há mais cartões do que habitantes?
Segundo o gestor da Saúde de Sorriso, Vanio Jordani, o excesso de cartões cadastrados ocorre porque moradores de outros municípios e até de outros estados utilizam endereços de familiares ou amigos em Sorriso para conseguir atendimento na rede pública local.
“Uma das prerrogativas do SUS é atender quem tem o cartão cadastrado na cidade. Dessa forma, muitas pessoas usam endereços de familiares para acessar o atendimento. E como o SUS garante atendimento mesmo sem o cartão da cidade, o número real de pacientes atendidos é ainda maior”, explicou Jordani.
Apesar de o atendimento ser universal, a diferença causa impacto direto na gestão municipal. Como os repasses do Ministério da Saúde são baseados na população estimada, a discrepância gera um desequilíbrio nos recursos recebidos e uma sobrecarga na capacidade de atendimento.
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Sobrecarga e realidade nos atendimentos
Jordani afirma que a situação pode ser vista diariamente na Unidade de Pronto Atendimento Sara Akemi Ichicava, a UPA de Sorriso, onde pacientes de outros municípios aguardam regulação para hospitais estaduais.
“Entendemos que há uma grande mobilidade populacional, mas ainda assim é um número muito elevado, quase 50% a mais que a estimativa do IBGE. Não vamos deixar ninguém sem atendimento, mas pedimos que a população atualize seus cadastros para melhorar o planejamento da saúde”, reforçou o secretário.
A atualização dos dados pode ser feita diretamente nas unidades de saúde, de forma rápida, confirmando endereço e contato do paciente.
Prefeito discorda dos números do IBGE
Enquanto a Secretaria de Saúde aponta excesso de cadastros, o prefeito de Sorriso, Alei Fernandes (União), questiona a estimativa populacional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O órgão apontou que a população do município subiu de 120.561 em 2024 para 124.665 habitantes em 2025.
O prefeito, no entanto, considera que os números estão subestimados e que a defasagem prejudica a cidade financeiramente, já que os repasses federais dependem diretamente do número de habitantes contabilizados.
“Os recursos oficiais são baseados na população, e a subnotificação compromete a receita do município. Vamos questionar esses números do IBGE”, declarou Alei.
Impactos para a saúde pública
A divergência entre cadastros do SUS e população estimada revela um desafio duplo para Sorriso: por um lado, a pressão da demanda regional por serviços de saúde; por outro, a necessidade de atualização nos cálculos populacionais para garantir repasses justos.
Enquanto isso, a Prefeitura reforça que ninguém deixará de ser atendido, mas pede a colaboração da população para manter os cadastros atualizados e assim equilibrar o sistema de saúde.
Fonte: cenariomt
