MATO GROSSO

Queimadas em Mato Grosso atingem recorde histórico com mudança de comportamento do fogo

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Mato Grosso, único estado brasileiro a abrigar os biomas Amazônia, Cerrado e Pantanal, enfrenta um cenário de incêndios florestais sem precedentes.

Dados de monitoramento indicam que o território mato-grossense possui a maior área queimada acumulada dos últimos 40 anos.

Mais do que a dimensão, o perfil do fogo vem se transformando, intensificado pela pressão humana, mudanças climáticas e uso inadequado.

Essa alteração no regime de queimadas, que define frequência, intensidade e área afetada, é um fenômeno crescente e desigual entre os três biomas, representando sérios riscos para os ecossistemas, comunidades e para a estabilidade climática global.

A Crise Bioma a Bioma

Amazônia

Conforme o MapBiomas, a Amazônia foi o bioma mais atingido em 2024, com 17,9 milhões de hectares consumidos pelas chamas, o maior registro desde 1985. Pela primeira vez na série histórica, a área de floresta queimada superou a de pastagens. Segundo a diretora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), Ane Alencar, o desmatamento cria condições para que o fogo se espalhe por áreas antes úmidas e protegidas, acelerando a degradação florestal.

Cerrado

No Cerrado, 9,7 milhões de hectares foram queimados no ano passado. Embora o fogo tenha um papel ecológico natural nesse bioma, o problema está nas alterações de seu regime, com frequência e intensidade inadequadas. A professora da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Alessandra Fidelis, alerta que o verdadeiro desafio não é o fogo em si, mas “quando, onde e como ele ocorre”, já que tanto o excesso quanto a ausência de queimadas podem ser prejudiciais à biodiversidade.

Pantanal

O Pantanal, por sua vez, registrou a maior proporção relativa de área queimada, com 61,8% de sua superfície impactada entre 1985 e 2024. Historicamente regulado pelos ciclos de cheia e seca, o bioma vem sendo afetado por cheias mais curtas e irregulares, que permitem o acúmulo de biomassa seca em áreas antes alagadas. O diretor executivo do SOS Pantanal, Leonardo Gomes, defende mais investimentos em prevenção, pesquisa e infraestrutura. “Estamos perdendo um patrimônio natural que regula o clima, sustenta comunidades inteiras e nos conecta com o futuro”, afirmou.

Uma das estratégias adotadas é o Manejo Integrado do Fogo (MIF), que reconhece o fogo como uma ferramenta controlada de manejo ambiental. Pesquisadores já trabalham para adaptar essa prática à ecologia específica do Cerrado, visando a conservação da biodiversidade.

Apesar dos avanços, especialistas alertam que os modelos atuais de MIF precisam ser aprimorados para considerar o papel ecológico de cada bioma. A adoção desse conceito exige um esforço conjunto entre a sociedade civil, instituições de pesquisa e o poder público para garantir a proteção dos ecossistemas.

Fonte: cenariomt

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