Alta consecutiva nos preços
O mercado do arroz em casca no Rio Grande do Sul, principal estado produtor do país, acumula três semanas seguidas de valorização. Após uma forte retração em junho e perdas superiores a 40% em relação ao mesmo período de 2023, os preços começam a se recuperar de forma tímida, mas consistente. A análise é de Evandro Oliveira, especialista da consultoria Safras & Mercado, que aponta o movimento como uma possível mudança de tendência no curto prazo.
Demanda das indústrias impulsiona reajustes
Um dos principais fatores para a sustentação dos preços é o aumento da demanda por parte das indústrias beneficiadoras, que buscam repor estoques. Essa necessidade levou muitas empresas a elevarem suas ofertas, mesmo em um cenário ainda marcado por liquidez moderada. “A elevação da demanda forçou algumas beneficiadoras a rever suas ofertas para cima”, afirma Oliveira.
Agosto deve aquecer o consumo
A proximidade de agosto, tradicionalmente um mês de maior consumo de arroz, reforça as expectativas positivas para o mercado. Além disso, o retorno gradual das importações pode influenciar os preços internos nos próximos meses, ampliando a movimentação comercial.
Varejo segue cauteloso nas compras
No varejo, o comportamento das empresas ainda é de cautela. Muitas que vinham oferecendo o produto de forma agressiva nos últimos meses agora optam por negociações pontuais, com compras imediatas para suprir demandas específicas. “Esse tipo de operação reduz o colchão de segurança da cadeia produtiva e aumenta a pressão sobre as indústrias, que já enfrentam escassez de oferta”, observa o consultor.
Capacidade ociosa nas beneficiadoras
A dificuldade em adquirir volumes expressivos de arroz levou diversas unidades industriais a operarem com capacidade ociosa ou até mesmo a suspenderem linhas de beneficiamento. O foco tem sido atender contratos pontuais e manter o fornecimento para clientes estratégicos.
Preocupação com a próxima safra
Do lado dos produtores, o cenário ainda é de apreensão. Os preços, embora em alta recente, continuam considerados baixos frente aos custos de produção. Além disso, há incertezas sobre o impacto de uma possível guerra tarifária envolvendo os Estados Unidos, o que poderia encarecer insumos importados essenciais para a próxima temporada.
Cotações atualizadas
Na quinta-feira (24), a saca de 50 quilos de arroz (58/62% de grãos inteiros, pagamento à vista) foi comercializada no Rio Grande do Sul a R$ 69,20 — um avanço de 2,6% em relação à semana anterior e de 4,39% na comparação mensal. No entanto, em relação ao início de 2024, o produto ainda acumula uma queda de 40,71%.
Fonte: portaldoagronegocio