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O mercado brasileiro de trigo fechou a primeira quinzena de julho com negociações pontuais e preços praticamente estáveis. Apesar das projeções de uma safra menor neste ano, a liquidez continua reduzida. O cenário é influenciado pelo desinteresse dos produtores em vender aos preços atuais e pela tranquilidade da demanda interna, que se apoia na ampla oferta de trigo importado.
Paraná mantém firmeza nos preços
De acordo com Elcio Bento, analista e consultor da Safras & Mercado, os preços no Paraná seguiram firmes ao longo da semana.
- Safra velha (CIF): ofertas ao redor de R$ 1.450 por tonelada, com vendedores pedindo até R$ 1.500.
- Safra nova: moinhos paranaenses indicaram valores entre R$ 1.350 e R$ 1.400 por tonelada.
Rio Grande do Sul apresenta mais variação nos negócios
No Rio Grande do Sul, houve maior oscilação nos preços:
- Indicação para setembro: R$ 1.270 por tonelada (FOB – região das Missões).
- Negócios pontuais: R$ 1.300 por tonelada.
- Casos específicos (sementes não utilizadas): vendas a R$ 1.320 por tonelada, com pagamento previsto para o fim de setembro.
Área plantada e produção em queda
As incertezas climáticas e a retração da área plantada seguem no radar. Segundo projeção da Safras & Mercado:
- Área plantada no RS (2025): deve cair 23,3% em relação ao ciclo anterior, totalizando cerca de 990 mil hectares.
- Produção nacional estimada: 7,1 milhões de toneladas, abaixo das 7,8 milhões colhidas na safra anterior.
Bento alerta que as perdas já registradas, especialmente com as geadas, podem levar o Brasil a registrar necessidade recorde de importação na próxima temporada.
Pressão do trigo importado limita reação dos preços
Apesar da expectativa de menor oferta interna, os preços não esboçam reação significativa.
- Queda em julho: cerca de 2,5% em relação ao mês anterior.
- Comparação anual: retração acumulada de 11,9%.
A principal razão, segundo Bento, está na competitividade do trigo importado:
- Julho de 2023: trigo argentino chegava ao CIF de Curitiba por R$ 1.680/t.
- Atualmente: valor gira em torno de R$ 1.480/t.
Excedente no RS pode não atender à demanda da indústria
Mesmo com uma projeção de produção de 3 milhões de toneladas no Rio Grande do Sul e um possível excedente de 1 milhão, a qualidade do trigo colhido preocupa.
Bento aponta que o uso de sementes destinadas ao plantio na moagem revela frustração ainda maior com a safra. A tendência, segundo ele, é que muitos produtores optem por vender logo após a colheita, buscando liquidez no mercado internacional.
Importação pode ser necessária mesmo com excedente
A perspectiva de escassez de trigo de qualidade no estado pode levar os moinhos gaúchos a recorrerem à importação, mesmo diante de uma safra com excedente. Isso reforça os desafios do setor, que convive com oferta abundante externa e custos de importação mais atraentes que os preços praticados internamente.
Fonte: portaldoagronegocio