CENÁRIO AGRO

Projeção da StoneX aponta superávit robusto para o mercado de cacau em 2025/26: saiba mais sobre os fatores de risco

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Expectativa de superávit para a safra 2025/26

A safra global de cacau 2025/26 pode marcar uma virada no cenário atual de escassez. De acordo com estimativa da StoneX, divulgada durante o webinar “Radar Cacau” nesta quinta-feira (3), o mercado poderá registrar um superávit de 239 mil toneladas no próximo ciclo. A previsão representa um alívio em relação aos últimos anos de déficit, mas ainda está condicionada a fatores climáticos e sanitários.

Clima será decisivo para a próxima temporada

A principal incerteza que paira sobre a safra 2025/26 é o comportamento do clima na segunda metade do ano, quando ocorre a fase mais relevante do desenvolvimento dos frutos (março a junho) e o início da colheita principal, previsto para outubro.

Segundo Rafael Borges, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, o equilíbrio nos estoques globais depende da manutenção de condições climáticas favoráveis e do controle de doenças. “Esses fatores ainda devem manter os preços acima da média histórica”, afirmou.

Panorama climático nos principais produtores

Até o final de junho, as condições climáticas nos principais países produtores apresentaram chuvas dentro da média: Costa do Marfim e Gana, responsáveis por cerca de 60% da oferta mundial, seguem com níveis razoáveis de precipitação. Já em países como Equador, Peru e Indonésia, que juntos representam aproximadamente 18% da produção global, o clima também tem sido favorável.

Doença viral ainda representa risco estrutural

Apesar do cenário climático relativamente positivo, a produção de cacau continua ameaçada pela doença viral CSSVD (vírus da vagem inchada), que se espalha de forma persistente, com efeitos acumulativos sobre as safras. Ao contrário de eventos climáticos pontuais, o CSSVD exige estratégias de combate mais agressivas e segue sendo um dos principais riscos à produtividade.

Brasil se destaca na expansão da produção

A elevação dos preços internacionais tem incentivado investimentos na cadeia do cacau, especialmente no Brasil. De acordo com a StoneX, os produtores brasileiros vêm respondendo mais rapidamente às oportunidades do mercado, impulsionados pelo maior acesso ao crédito, em contraste com as limitações enfrentadas por produtores do Oeste Africano.

A primeira projeção da consultoria para a safra brasileira 2025/26 é de 215 mil toneladas — um crescimento de 10,2% em relação ao ciclo anterior.

Safra atual (2024/25) caminha para superávit modesto

A temporada 2024/25 se encaminha para o encerramento com superávit estimado em 65 mil toneladas, número mais apertado do que o previsto inicialmente. O clima seco, sobretudo na Costa do Marfim, dificultou a recuperação produtiva após a quebra histórica registrada em 2023/24, considerada a pior dos últimos 50 anos.

Além disso, os desafios enfrentados pelos maiores produtores revelam um acúmulo de décadas de baixos investimentos e persistência de doenças, o que comprometeu a retomada do setor.

Sustentabilidade e rastreabilidade ganham protagonismo

Durante o evento, a analista de ESG da StoneX, Graziella Salvoni, destacou a crescente demanda por rastreabilidade ao longo da cadeia produtiva. “Antes, esse tipo de iniciativa era limitada à indústria. Agora, a expectativa é por rastreabilidade total — do campo ao consumidor”, afirmou.

Ela também ressaltou que, com a entrada em vigor do Regulamento da União Europeia para Produtos Livres de Desmatamento (EUDR), o cacau exportado deverá comprovar, por meio de rastreamento, que não está associado ao desmatamento ilegal. Nesse contexto, o Brasil tem potencial para se tornar um fornecedor de destaque em cacau sustentável, adaptando-se aos novos padrões globais.

Planejamento e gestão de riscos no centro da estratégia

Para lidar com a volatilidade de preços e incertezas do mercado, a StoneX reforçou seu papel na consultoria estratégica aos agentes da cadeia do cacau. “Nosso objetivo é que produtores e processadores estejam preparados para as oscilações, por meio de informação qualificada, acompanhamento constante e proximidade com o setor”, explicou Ricardo Nogueira, consultor sênior da empresa.

Com perspectivas de melhora no equilíbrio global da oferta, o setor do cacau entra em um novo ciclo, mas ainda sujeito a variáveis climáticas, fitossanitárias e regulatórias que exigem planejamento estratégico e capacidade de adaptação.

Fonte: portaldoagronegocio

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