De acordo com análise da Fundação Rio Verde, essas doenças superaram a podridão-de-grãos em severidade e impacto sobre a produtividade nas últimas duas safras, exigindo estratégias de manejo mais assertivas e preventivas por parte dos produtores.
Doenças mais agressivas: mancha-alvo e cercospora lideram ocorrências
Segundo a pesquisadora Luana Belufi, coordenadora de Fitopatologia da Fundação Rio Verde, a mancha-alvo e a cercospora se destacaram como os principais desafios fitossanitários da soja nas safras 2023/24 e 2024/25. Mesmo com variações climáticas significativas entre os ciclos — um marcado pela seca e outro por excesso de chuvas —, ambas as doenças mantiveram níveis elevados de incidência.
“Essas doenças vêm mostrando que seu comportamento não está restrito às condições do clima, o que reforça a necessidade de um manejo químico eficaz e bem estruturado”, destacou a pesquisadora.
Redução da podridão-de-grãos e aumento da severidade das manchas
Enquanto a podridão-de-grãos teve presença moderada em 2022/23 e praticamente desapareceu nas safras seguintes, a mancha-alvo e a cercospora mantiveram a agressividade e continuam comprometendo a produtividade da soja.
De acordo com estimativas da Fundação, a mancha-alvo, se não controlada, pode gerar perdas de até 30% na produtividade. A pesquisadora também destacou que a podridão-de-grãos está mais associada à suscetibilidade genética das cultivares, enquanto o controle das manchas depende principalmente da escolha correta de fungicidas.
Eficiência no controle: fungicidas de alta performance ganham destaque
Para conter o avanço das doenças, a Fundação Rio Verde recomenda o uso de fungicidas com alto desempenho. O produto Armero®, da ADAMA, tem se mostrado eficaz contra a mancha-alvo em diferentes condições climáticas. Já o Blindado® T.O.V. é recomendado como ferramenta estratégica para o controle do complexo de doenças, com destaque para a cercospora.
“Produtores que utilizaram programas com Armero® e Blindado® T.O.V. conseguiram manter lavouras mais saudáveis, mesmo em áreas com alta pressão de inóculo”, afirmou Marcelo Gimenes, gerente de Fungicidas da ADAMA. Ele reforça que o manejo preventivo, aliado ao posicionamento adequado, é essencial para o sucesso no campo.
Protocolo técnico: aplicação em fases-chave é essencial
A Fundação Rio Verde propõe um protocolo de aplicações para orientar os produtores na tomada de decisões. O plano de manejo prevê:
- Tratamento de sementes para reduzir o inóculo inicial;
- Início do controle aos 20 dias após emergência (DAE), principalmente em áreas com histórico de mancha-alvo;
- Aplicação aos 35 DAE, focada na mancha-alvo;
- Entre 50 e 65 DAE, visando mancha-alvo e cercospora;
- Entre 65 e 70 DAE, voltada ao controle de cercospora e ferrugem asiática.
Posicionamento técnico é fator decisivo para o sucesso
A pesquisadora Luana Belufi reforça que o sucesso no controle das doenças está na combinação de três pilares: bom posicionamento técnico, escolha de produtos eficazes e monitoramento constante da lavoura.
“Não há mais espaço para soluções genéricas ou aplicações tardias. O manejo precisa ser técnico, bem planejado e executado com precisão”, finalizou.
Fonte: portaldoagronegocio