Agronegócio

Cenário do Café em 2024: Volatilidade de Preços e Desafios no Mercado Global da Cafeicultura

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Postergação das tarifas e impacto nos preços do café

O mercado global de café experimentou uma volatilidade acentuada no início de abril, influenciado pela apreensão com uma possível recessão global, impactando diretamente o consumo e o anúncio das tarifas americanas sobre o produto. Esse cenário gerou uma queda nos preços, mas a posterior postergação das tarifas trouxe alívio e permitiu a recuperação dos valores. Além disso, o avanço da colheita do conilon também influenciou o mercado, contribuindo para um ajuste nos preços.

Entre março e abril, as oscilações no preço do café foram expressivas. No entanto, no caso do café arábica, o fechamento de 16 de abril na Bolsa de Nova York, a US$ 3,76 por libra-peso, refletiu uma variação de apenas -0,8% em relação ao início do mês. A retração nos preços foi, em grande parte, influenciada pela expectativa de recessão global após o anúncio das tarifas, mas a suspensão temporária das mesmas trouxe estabilidade e recuperou as cotações.

Comércio e comportamento no mercado de robusta

Enquanto o mercado do café arábica passou por momentos de volatilidade, o robusta demonstrou uma leve recuperação, subindo 0,6% nos últimos 45 dias, ainda sob um cenário de grande instabilidade. No Brasil, o preço do conilon apresentou uma queda de 14,7%, aproximadamente R$ 500 por saca, embora a redução tenha se estabilizado nos dias mais recentes. A colheita avançada e a perspectiva de aumento na produção do conilon no país também exerceram influência nos preços domésticos.

Exportações e safra

De acordo com os dados divulgados pelo Cecafé, as exportações de café em março totalizaram 3,3 milhões de sacas, representando uma queda de 25% em relação ao mesmo período de 2024. Embora tenha sido a maior redução anual em mais de dois anos, o volume exportado ainda foi significativo, especialmente considerando que a safra de 2024/25 foi estimada pelo USDA em 66,4 milhões de sacas. Esse dado sugere que a safra pode ter sido superior à estimativa, a menos que as exportações dos últimos três meses da safra (abril a junho de 2025) apresentem uma queda acentuada, o que parece improvável.

Perspectivas de oferta e risco de recessão global

A postergação das tarifas trouxe novamente os fundamentos de oferta e demanda ao mercado de café, aliviando momentaneamente o risco de uma recessão global. Contudo, o cenário macroeconômico global continua marcado por incertezas, especialmente em relação às ações do governo americano e sua política comercial.

As previsões para o balanço global de café em 2025/26 indicam uma possível redução de 2% no consumo global, o que poderia transformar um superávit de 3,1 milhões de sacas, estimado para o cenário base, em um déficit de 8,1 milhões de sacas. Embora o Brasil tenha uma perspectiva de menor produção de arábica, o que sustentaria preços mais firmes no curto prazo, a possibilidade de uma recessão mundial ainda representa um risco para o mercado de café.

Impactos climáticos e previsões de safra

O clima também desempenha papel fundamental no desempenho da safra. As chuvas registradas a partir da segunda quinzena de março aliviaram a condição das lavouras, embora o impacto da seca nas fases iniciais da granação do café arábica possa ter gerado prejuízos irreversíveis. Para o café conilon, as perspectivas são mais otimistas, com previsões de uma produção superior à do ano anterior.

Os mapas de previsão de chuvas para os próximos meses indicam precipitações para maio, junho e julho, o que, se confirmado, pode interferir no processo de colheita, mas também evitará uma seca prolongada, similar à que afetou a safra no ano passado. Esses fatores devem criar condições mais favoráveis para a próxima florada.

Expectativas para o futuro

A aproximação do inverno no Hemisfério Sul tende a aumentar a volatilidade no mercado de café, assim como o fim do prazo de 90 dias dado pelo governo Trump para a reintrodução das tarifas, o que exige cautela por parte dos produtores e exportadores.

Fonte: portaldoagronegocio

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