Os preços internos da soja continuaram em trajetória de queda na semana passada, atingindo os menores patamares reais desde março de 2023, segundo levantamentos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). A pressão sobre os valores veio de uma combinação de fatores, incluindo o avanço da colheita da safra 2024/25 no Brasil, a redução das retenções sobre o complexo soja na Argentina e a desvalorização do câmbio (US$/R$). Esses elementos, segundo pesquisadores do Cepea, afastaram compradores do produto brasileiro, contribuindo para o cenário de desaquecimento da demanda.
De dezembro de 2024 a janeiro de 2025 (até o dia 30), o Indicador CEPEA/ESALQ – Paraná registrou uma forte queda de 6,2%, com a média atual chegando a R$ 129,82 por saca de 60 kg. Esse é o menor valor desde março de 2024, em termos reais, considerando o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) de dezembro de 2024. A queda reflete o aumento da oferta no mercado interno, impulsionado pelo avanço da colheita da nova safra, que já está em andamento em várias regiões produtoras do país.
Fatores que pressionam os preços
1. Avanço da colheita: A safra 2024/25 do Brasil está em pleno andamento, com volumes crescentes de soja chegando ao mercado. Isso tem aumentado a oferta e pressionado os preços para baixo.
2. Redução das retenções na Argentina: A Argentina, um dos principais concorrentes do Brasil no mercado global de soja, reduziu as retenções sobre as exportações do complexo soja. Essa medida tem tornado o produto argentino mais competitivo no mercado internacional, desviando a atenção dos compradores da soja brasileira.
3. Desvalorização do câmbio: A desvalorização do real frente ao dólar também tem impactado negativamente os preços internos da soja. Com um câmbio menos favorável, os produtores brasileiros têm recebido menos em reais pelo produto vendido no mercado externo.
Demanda desaquecida
A demanda pela soja brasileira deve permanecer fraca nos próximos dias, principalmente devido ao Ano Novo Chinês, que começou em 29 de janeiro. Durante esse período, as atividades comerciais na China, maior importadora global de soja, costumam diminuir, reduzindo a procura pelo produto. Esse cenário deve contribuir para manter os preços em patamares baixos no curto prazo.
Enquanto a colheita da safra brasileira avança, os preços da soja devem continuar sob pressão. A redução das retenções na Argentina e a desvalorização cambial tendem a manter os compradores internacionais mais cautelosos, preferindo aguardar por melhores condições antes de fechar novos negócios. Para os produtores brasileiros, o momento exige atenção e estratégia, já que os custos de produção permanecem elevados, e os preços em queda podem comprometer a rentabilidade.
O Cepea ressalta que, embora o cenário atual seja desafiador, a volatilidade do mercado agrícola pode trazer mudanças rápidas. Acompanhar as tendências globais e os movimentos de oferta e demanda será fundamental para os agentes do setor nos próximos meses.
Fonte: cenariomt