O engenheiro agrônomo Sérgio Luiz de Almeida, da Universidade de São Paulo (USP), destaca uma importante inovação no cultivo de cana-de-açúcar no Brasil: o Método Interrotacional Ocorrendo Simultaneamente (MEIOSI). Esse método consiste na associação de uma linha-mãe de cana com outros cultivos economicamente viáveis, seguida pela desdobra, que é o plantio dos toletes produzidos pela linha-mãe no espaço intercalar.
A aplicação do MEIOSI oferece diversos benefícios, entre os quais se destacam a redução dos custos de transporte dos toletes para renovação do canavial, o aumento da utilização do solo e a geração de renda adicional para os produtores. Quando combinado com cultivos como soja ou amendoim, o método contribui para a melhoria da qualidade do solo, proporcionando um enriquecimento nutritivo. A taxa de multiplicação, um dos principais parâmetros do sistema, pode variar entre 2:8 e 1:12, dependendo da variedade da cana, das condições climáticas e do momento do plantio.
Aplicação e resultados práticos do MEIOSI
Na região Sudeste do Brasil, o período de desdobra costuma ocorrer entre fevereiro e abril, destacando-se a aplicação da proteína harpin, que deve ser realizada de 3 a 10 dias antes da desdobra na linha-mãe. Esse procedimento estimula o potencial produtivo dos toletes cortados, além de reduzir a necessidade de tratamento em toda a área plantada, o que aumenta o retorno sobre o investimento. A utilização da harpin também é vantajosa em cultivos convencionais ou no sistema de Mudas Pré-Brotadas (MPB), pois contribui para uma maior taxa de multiplicação e melhora a qualidade dos toletes.
Exemplos práticos, como o de Cosmópolis (SP), comprovam o sucesso do MEIOSI. Em uma área onde a taxa de multiplicação inicialmente prevista era de 1:10, o desenvolvimento das mudas foi tão satisfatório que apenas 30% da linha-mãe foi necessária para o plantio, alcançando uma taxa real de 1:30. Casos como este ilustram como a adoção de tecnologias simples pode resultar em aumentos significativos na produtividade, além de contribuir para a redução de custos operacionais, incentivando os produtores a adotar novas práticas de manejo.
Fonte: portaldoagronegocio