O mercado de combustíveis fósseis no Brasil se prepara para uma nova rodada de aumentos nos preços da gasolina e do diesel, impulsionada por dois fatores principais: a defasagem em relação ao mercado internacional e o reajuste anual das alíquotas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), previsto para fevereiro.
Pressão por reajustes: defasagem e custos internacionais
Conforme dados da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), o preço praticado pela Petrobras está atualmente 10% abaixo do preço de paridade internacional (PPI) para a gasolina e 16% no caso do diesel. Isso representa uma diferença de R$ 0,28 por litro na gasolina e de R$ 0,54 por litro no diesel.
O descompasso foi agravado pela alta de 15% do dólar desde outubro e pelo aumento de 8% no preço do barril de petróleo Brent nos últimos 30 dias. Esses fatores reduziram os lucros da Petrobras e pressionam a estatal a ajustar os preços.
De acordo com o economista Michel Constantino, a defasagem resulta em prejuízos para a empresa e distribuidoras de combustíveis. “Em algum momento, a Petrobras precisará ajustar os preços, e o impacto será sentido diretamente pelo consumidor na bomba e indiretamente em produtos que dependem de transporte ou insumos derivados do petróleo”, explicou.
Reajuste do ICMS: impacto nas bombas
A partir de fevereiro, o ICMS sobre combustíveis sofrerá um aumento que afetará os preços finais. Para a gasolina e o etanol, a alíquota subirá R$ 0,10 por litro, passando de R$ 1,37 para R$ 1,47. No caso do diesel e do biodiesel, o acréscimo será de R$ 0,06, elevando a taxa para R$ 1,12 por litro.
Segundo o Comitê Nacional de Secretarias Estaduais de Fazenda (Comsefaz), o reajuste reflete a alta dos preços entre fevereiro e setembro de 2024, em comparação com o mesmo período de 2023.
Edson Lazarotto, diretor-executivo do Sinpetro-MS, destacou que o aumento do ICMS faz parte da cadeia produtiva dos combustíveis e terá impacto significativo nos valores pagos pelos consumidores.
Oscilação de preços em Mato Grosso do Sul
Em Mato Grosso do Sul, o preço médio do litro da gasolina subiu 23,90% em dois anos, passando de R$ 4,81 em janeiro de 2023 para R$ 5,96 em janeiro de 2025, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). No mesmo período, o óleo diesel comum apresentou queda de 5%, saindo de R$ 6,35 para R$ 6,03.
A política de preços da Petrobras, que deixou de seguir o PPI em julho de 2023, influenciou diretamente essas variações. Contudo, o único reajuste promovido pela estatal desde então foi em julho do ano passado, quando o preço da gasolina nas refinarias subiu 7,04%.
O cenário atual reforça a perspectiva de novas altas nos combustíveis, afetando diretamente consumidores e setores que dependem de transporte e derivados de petróleo.
Fonte: portaldoagronegocio