O ano de 2024 no mercado pecuário brasileiro foi marcado por uma combinação de altos e baixos. A primeira metade do ano foi caracterizada por uma oferta elevada de gado terminado, com fortes descartes de fêmeas, o que resultou em queda nos preços do gado, mesmo com uma demanda interna e externa favorável. No entanto, a segunda metade do ano trouxe uma desaceleração da oferta e uma escalada das exportações, o que ajudou a absorver os excedentes e impulsionou os preços das carcaças no mercado interno.
Em dezembro, a arroba do boi gordo no estado de São Paulo registrou uma queda de 5,3%, enquanto o preço do bezerro em Mato Grosso do Sul recuou 5,1%. Por outro lado, o preço da carcaça casada (atacado) subiu 0,9%, com variações distintas entre as partes dianteira (-3,7%) e traseira (3,7%). O spread dos frigoríficos no mercado interno aumentou para 11% em dezembro, em comparação a 4% no mês anterior.
Exportações e Oportunidades de Mercado
As exportações também apresentaram desaceleração em dezembro, com uma queda de 11% em relação a novembro. No entanto, o total de carne bovina in natura exportado em 2024 alcançou 2,55 milhões de toneladas, um aumento significativo de 26,9% em relação a 2023, estabelecendo um novo recorde. Com isso, as expectativas são de recordes tanto de produção quanto de consumo de carne bovina. O aumento no spread da exportação, que subiu de -4% em novembro para 9% em dezembro, reflete essa dinâmica.
Além disso, a China anunciou uma investigação sobre o impacto das importações de carne bovina nas indústrias locais, o que pode resultar em mudanças nas tarifas para os países fornecedores. Em 2024, a China consumiu 11,6 milhões de toneladas de carne bovina, das quais 3,8 milhões de toneladas foram importadas, representando 33% de seu consumo doméstico, de acordo com dados do USDA.
Desafios e Perspectivas para 2025
O mercado de reposição, que viu uma explosão nos preços do boi gordo, está agora experimentando a “virada de ciclo”. A alta no preço da cria, impulsionada pela retenção de fêmeas, deve se intensificar em 2025, à medida que a oferta de crias diminui, o que poderá pressionar ainda mais os preços do boi.
Em 2025, espera-se uma menor oferta de fêmeas para abate, o que deve favorecer o preço do boi gordo. Contudo, o ciclo de descartes das fêmeas vazias e a melhoria das pastagens no início do ano poderão aumentar a oferta de gado, gerando uma pressão sazonal sobre os preços. Além disso, o período pós-férias e a demanda mais fraca tanto no mercado interno quanto nas exportações podem ajustar ligeiramente os preços, mas o mercado tem mostrado sinais de recuperação. Durante o intervalo entre o Natal e a primeira semana de janeiro, o preço do boi gordo já estava sendo negociado acima de R$ 320/@.
A curva futura de preços aponta uma alta de 27,5% sobre os valores de 2024, o que é promissor para os pecuaristas que adquiriram bois a preços menores no ano passado. No entanto, os custos de reposição aumentaram significativamente, especialmente para os bois magros adquiridos a partir de novembro de 2024. Este aumento nos custos de reposição exigirá que os preços do boi gordo se mantenham elevados para garantir resultados favoráveis. Portanto, é essencial que os pecuaristas adotem estratégias de gestão de risco de preços, especialmente para as entregas previstas para o primeiro semestre de 2025, período de safra.
Projeções Globais de Produção de Carne Bovina
O USDA prevê uma queda na produção global de carne bovina em 2025, com redução nos quatro maiores produtores: EUA, Brasil, UE e China. A queda mais significativa deverá ocorrer nos EUA, com uma redução de 4%, ou 487 mil toneladas a menos. Para o Brasil, a previsão é de uma diminuição de 0,8%, o que corresponde a 100 mil toneladas, um recuo moderado, mas que pode ser afetado pela retenção de fêmeas, que deverá ganhar força ao longo do ano.
Fonte: portaldoagronegocio