O índice de confiança dos consumidores brasileiros encerrou o ano de 2024 em queda, atingindo o menor patamar dos últimos seis meses, de acordo com informações divulgadas nesta sexta-feira pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), calculado pela FGV, registrou uma retração de 3,6 pontos em dezembro, atingindo 92,0 pontos. Este é o menor nível desde junho de 2024, quando o índice marcou 91,1 pontos. A queda na confiança foi percebida em todas as faixas de renda, sendo mais acentuada entre os consumidores de menor poder aquisitivo.
De acordo com Anna Carolina Gouveia, economista do FGV IBRE, “a recente elevação da taxa de juros, somada a focos de pressão inflacionária em itens como alimentos, pode estar contribuindo para aumentar o pessimismo entre os consumidores no último mês de 2024, levando a uma piora das expectativas com a situação financeira nos próximos meses”.
Expectativas futuras e situação presente impulsionam pessimismo
A retração do índice em dezembro foi influenciada tanto pela piora das expectativas futuras quanto pela percepção sobre a situação atual. O Índice de Expectativas (IE), que reflete as perspectivas dos consumidores para o futuro, caiu 4,9 pontos, atingindo 98,5 pontos, o menor nível desde junho deste ano (98,1 pontos). Já o Índice da Situação Atual (ISA), que mede a percepção sobre o momento presente, apresentou queda de 1,4 ponto, chegando a 82,9 pontos — patamar mais baixo desde setembro, quando marcou 81,7 pontos.
Entre os quesitos analisados, o que mais contribuiu para a queda geral da confiança foi o indicador que avalia as perspectivas financeiras das famílias para os próximos meses. Este subíndice registrou uma queda expressiva de 8,3 pontos, alcançando 98,8 pontos, o menor nível desde fevereiro, quando foi de 93,2 pontos.
Política monetária e pressões inflacionárias como fatores determinantes
O cenário econômico de dezembro foi impactado por uma decisão do Banco Central, que acelerou o ritmo de aperto na política monetária ao elevar a taxa Selic em 1,00 ponto percentual, para 12,25% ao ano. A instituição também sinalizou mais duas elevações de mesma magnitude, justificando a medida como necessária para conter riscos de deterioração inflacionária em resposta ao recente anúncio de medidas fiscais pelo governo.
Esse aumento na taxa de juros, aliado à persistência de pressões inflacionárias, especialmente em itens básicos como alimentos, contribuiu significativamente para o aumento do pessimismo entre os consumidores brasileiros, conforme demonstram os indicadores da FGV.
Fonte: portaldoagronegocio