A valorização do dólar tem intensificado a pressão sobre os preços do trigo e das farinhas importadas, afetando significativamente os mercados nos estados do Rio Grande do Sul (RS), Santa Catarina (SC) e Paraná (PR). Segundo dados da TF Agroeconômica, os estoques e as negociações estão ajustados, enquanto a importação e exportação enfrentam desafios no atual cenário econômico.
No Rio Grande do Sul, a safra estimada entre 3,8 e 3,9 milhões de toneladas tem mostrado estoques apertados. Aproximadamente 900 mil toneladas destinam-se à ração, tanto para o mercado interno quanto para exportação, com cerca de 500 mil toneladas já comercializadas. Restam cerca de 3 milhões de toneladas para atender à exportação de trigo milling, sementes e moinhos locais, sendo que 330 mil toneladas já foram direcionadas ao mercado externo. Caso as exportações sejam interrompidas, os estoques disponíveis se manteriam ajustados até 2025.
No mercado interno, as vendas para moinhos seguem em ritmo lento, com preços variando entre R$ 1.220,00 e R$ 1.250,00 por tonelada no posto de moinho, mas a liquidez é baixa. As previsões para janeiro indicam preços similares, com pouca movimentação. Os custos de frete no interior do estado têm aumentado, impulsionados pela baixa disponibilidade de cargas de retorno de Rio Grande. A chegada de trigo argentino está prevista para 10 de dezembro, com dois navios trazendo 60 mil toneladas destinadas aos moinhos gaúchos.
No Paraná, o cenário não é diferente. O aumento do dólar encarece o trigo importado, com a maioria dos moinhos já adquirindo volumes suficientes para suprir a demanda até dezembro. Para janeiro, alguns produtores têm utilizado hedge cambial, com preços indicados em torno de R$ 1.350,00 por tonelada.
Em Santa Catarina, o mercado permanece lento, com moinhos buscando abastecimento de trigo local e complementando com importado. Os preços pagos aos triticultores variam, com recuos em regiões como Canoinhas e Chapecó, enquanto São Miguel do Oeste registrou aumento. A baixa liquidez no mercado de trigo reflete a fraca demanda por farinha, alimentando expectativas de preços mais altos nos próximos meses.
O cenário geral demonstra um mercado tensionado pela valorização cambial, que impacta tanto os custos de importação quanto as margens no mercado interno, com perspectivas de ajustes contínuos para 2025.
Fonte: portaldoagronegocio