O cultivo de colza e mostarda na Índia enfrenta uma queda significativa, apesar dos preços elevados. Temperaturas acima da média durante a temporada de plantio levaram muitos agricultores a optar por culturas mais resistentes ao calor, como trigo e batata, que oferecem retornos financeiros semelhantes. Essa tendência foi destacada por especialistas do setor em entrevista à Reuters.
A redução na produção da principal oleaginosa de inverno da Índia pode pressionar o país, maior importador mundial de óleos vegetais, a ampliar as dispendiosas importações de óleo de palma, soja e girassol para atender à crescente demanda doméstica por óleos de cozinha.
Impacto do clima no plantio
Em outubro e nas primeiras semanas de novembro, as temperaturas se mantiveram de 2°C a 7°C acima do normal nos principais distritos produtores do Rajastão, maior estado produtor de colza do país. Segundo Anil Chatar, um importante trader da região, o calor prejudicou a germinação da colza em muitos locais, forçando agricultores a substituir a safra.
“Nos casos em que a germinação não ocorreu ou as plantas murcharam, muitos agricultores optaram por plantar trigo e batata”, afirmou Vedpal Tyagi, agricultor do Rajastão. Ele reduziu a área destinada à colza de 20 para 10 acres neste ano, priorizando culturas mais seguras frente às condições climáticas adversas.
Dados do governo mostram que, até 21 de novembro, a área plantada com colza no Rajastão caiu 7,2% em relação ao ano anterior, atingindo 3,12 milhões de hectares. Nos estados vizinhos de Uttar Pradesh, Madhya Pradesh, Gujarat e Haryana, as temperaturas mais altas também prejudicaram o plantio, podendo resultar em uma redução total de 10% na área cultivada com colza em comparação com 2022, segundo Chatar.
Concorrência entre culturas
Embora Nova Déli tenha aumentado o preço mínimo de suporte da colza em 5,3%, para 5.950 rúpias (US$ 70,61) por 100 kg, os agricultores permanecem cautelosos devido à queda nos preços da soja, outra importante oleaginosa de verão. Além disso, o aumento recente nos preços do trigo e do grão-de-bico tem incentivado muitos produtores a destinar mais terras a essas culturas, conforme explica Krishna Khandelwal, comerciante da região de Niwai, no Rajastão.
Atualmente, cerca de um terço da demanda indiana por óleo de cozinha é suprida por importações de óleo de palma, soja e girassol, oriundas de países como Malásia, Indonésia, Brasil, Argentina, Ucrânia e Rússia, segundo o Ministério do Comércio. Com a redução esperada na produção de colza, o peso das importações deve crescer, intensificando os desafios econômicos para o país.
Fonte: portaldoagronegocio