O endividamento no agronegócio brasileiro registrou um aumento expressivo em 2024, com 207 produtores rurais entrando com pedidos de recuperação judicial apenas no primeiro semestre, superando os números de 2023. Entre janeiro e setembro deste ano, 1.700 empresas no Brasil formalizaram pedidos de recuperação judicial, um crescimento de 73% em relação ao mesmo período do ano anterior.
O setor primário, que inclui o agronegócio, foi particularmente afetado, acumulando 287 pedidos de recuperação judicial nesse período, mais que o triplo dos 77 registrados em 2023. Empresas de destaque, como a AgroGalaxy, que possui uma dívida de R$ 3,7 bilhões, ilustram a gravidade da crise. Outros exemplos incluem o Grupo Patense, com débitos de R$ 2,15 bilhões, Sperafico Agroindustrial (R$ 1,07 bilhão) e Usina Maringá (R$ 1,02 bilhão), todas enfrentando grandes passivos junto a instituições financeiras e fornecedores.
Especialistas apontam que os juros elevados são um dos principais fatores por trás do aumento dos casos de insolvência. A inadimplência dos consumidores, a depreciação cambial, as dificuldades em acompanhar avanços tecnológicos e a queda menos acentuada nos preços de fertilizantes em comparação às commodities de grãos também contribuíram para a deterioração financeira do setor. Além disso, condições climáticas adversas agravaram ainda mais o cenário.
“Os juros altos são um dos principais fatores para o aumento de casos, somados à inadimplência dos consumidores e aos desafios tecnológicos. Além disso, as condições climáticas não foram favoráveis”, observa um especialista.
Outro dado alarmante mostra que micro e pequenas empresas respondem por sete de cada dez pedidos de recuperação judicial em 2024. Segundo Eduardo Bazani, a reestruturação empresarial é essencial para auxiliar essas empresas a superarem os desafios financeiros e retomarem sua saúde operacional.
Fonte: portaldoagronegocio
