O mercado brasileiro de soja registrou uma semana de negócios fracos e preços em queda, refletindo a tendência observada na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT), que viu seus contratos atingirem mínimas históricas. Embora o dólar tenha se mantido acima de R$ 5,80, as cotações domésticas seguiram o movimento de baixa observado em Chicago.
Em Passo Fundo (RS), o preço da saca de 60 quilos caiu de R$ 135,00 para R$ 131,00, enquanto em Cascavel (PR, a cotação passou de R$ 140,00 para R$ 136,00. Em Rondonópolis (MT), o preço disponível recuou de R$ 154,00 para R$ 147,00. No Porto de Paranaguá, a soja foi negociada a R$ 142,00, após queda de R$ 145,00.
Na CBOT, os contratos com vencimento em janeiro apresentaram uma queda acumulada de 2,53% ao longo da semana, sendo cotados a US$ 9,76 por bushel na manhã de sexta-feira (22). A boa evolução das lavouras no Brasil, a colheita plena nos Estados Unidos e as incertezas sobre a política do próximo governo Trump contribuíram para a pressão negativa sobre os preços.
Duas questões em particular geram apreensão no mercado: a intensificação da guerra comercial com a China, maior compradora de soja do mundo, e a possível retirada de incentivos à produção de biodiesel. Ambos os fatores são apontados como elementos que podem reduzir a demanda pela soja americana, impactando negativamente os preços globais.
Impacto do câmbio e previsões para 2025
No que diz respeito ao câmbio, a recente alta do dólar frente ao real tem relação com as incertezas fiscais no Brasil e com o fortalecimento da moeda norte-americana no cenário internacional. No entanto, o impacto do câmbio sobre os preços da soja no Brasil é relativamente mitigado, diante da ampla oferta que se configura para a próxima safra.
A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE) divulgou sua projeção para o balanço de oferta e demanda de soja em 2025, com expectativas de números recordes para o setor. A produção de soja deve alcançar 167,7 milhões de toneladas, enquanto o esmagamento deverá atingir 57 milhões de toneladas. As estimativas indicam ainda que a produção de farelo de soja deve somar 44 milhões de toneladas, e a de óleo de soja, 11,4 milhões de toneladas.
Além disso, a ABIOVE prevê que as exportações de soja brasileiras atinjam 104,1 milhões de toneladas, com o farelo subindo para 22,9 milhões de toneladas e o óleo de soja mantendo-se próximo de 1 milhão de toneladas. As receitas totais com as exportações devem alcançar US$ 50,8 bilhões.
Por outro lado, espera-se um aumento nas importações de óleo de soja, com um total de 150 mil toneladas, além de 500 mil toneladas de soja para complementar o mercado interno.
As estatísticas mensais para o ciclo de 2024, até setembro, indicam uma produção de soja de 153,3 milhões de toneladas, estável em relação ao período anterior, com um esmagamento de 54,5 milhões de toneladas. A produção de farelo e óleo de soja permanece inalterada, refletindo a continuidade da tendência de estabilidade no setor.
Fonte: portaldoagronegocio