Os preços do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) alcançaram os níveis mais elevados em 13 anos, aproximando-se da marca psicológica e técnica de US$ 3,00 por libra-peso. Segundo o consultor Gil Barabach, da Safras & Mercado, o valor de mercado já superou significativamente o patamar atingido após a geada de 2021 no Brasil. Esta valorização é sustentada por um cenário técnico favorável e fundamentos positivos, colocando o café perto do recorde histórico de 300 centavos por libra, registrado durante o “boom das commodities” após a crise de 2008.
Barabach destaca que outro pico semelhante ocorreu após a geada de 1994 no Brasil. No entanto, a alta de 2024 difere dos ciclos anteriores, pois, além da redução na produção, ela ocorre em um contexto de exportações recordes do Brasil e crescimento das vendas globais de café. Esse movimento é impulsionado pela expectativa de escassez e pela necessidade de reposição dos estoques da indústria mundial.
Incertezas sobre a safra brasileira e riscos geopolíticos
O analista observa que o mercado continua atento à próxima safra de café do Brasil. Apesar do retorno das chuvas e das floradas promissoras, o preço do café permanece elevado, com operadores cautelosos quanto ao pleno desenvolvimento das floradas. A previsão de que a produção de café arábica no Brasil em 2025 possa ser menor do que a atual reforça esse comportamento, ajudando a sustentar os preços.
Além disso, o mercado está sendo impactado por incertezas financeiras, em parte devido a temores geopolíticos. A falta de clareza sobre a próxima safra brasileira, combinada com as tensões comerciais com a China e a Europa, contribui para o elevado volume de posições compradas no mercado de futuros de café. Barabach acredita que, embora o mercado ainda tenha espaço para mais ganhos, a alta atual é impulsionada principalmente por desafios técnicos, o que pode torná-lo mais suscetível a correções.
Revisão da safra brasileira de café pelo USDA
Um dos principais destaques da semana foi a revisão feita pelo adido do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) sobre a safra brasileira de café 2024/25. O USDA reduziu sua estimativa de produção para 66,4 milhões de sacas de 60 kg, uma queda de 5,8% em relação à previsão anterior de 69,9 milhões de sacas. Esta revisão aproxima a estimativa do USDA da previsão da Safras & Mercado, que aponta para uma produção de 66,04 milhões de sacas.
A revisão é atribuída a padrões climáticos irregulares que afetaram o desenvolvimento das árvores de café arábica. Apesar disso, a produção de café no Brasil para a safra 2024/25 ainda deve ser ligeiramente superior à estimativa para 2023/24, que é de 66,3 milhões de sacas. A produção de café arábica deve atingir 45,4 milhões de sacas, um aumento de 1,1% em relação à temporada anterior. Por outro lado, a produção de Robusta/conilon está projetada para ser de 21 milhões de sacas, quase 2% inferior ao previsto para a safra 2023/24, devido a condições climáticas adversas.
Fonte: portaldoagronegocio