As importações de soja pela China, maior consumidor mundial da oleaginosa, devem sofrer uma redução de 9,5% no ano comercial que se encerra em setembro de 2025. De acordo com um executivo da Cofco, uma das maiores empresas de agronegócio e processamento de alimentos da China, as importações cairão para 98,8 milhões de toneladas, contra 109,4 milhões de toneladas no período anterior. A declaração foi feita durante uma conferência de sementes oleaginosas, onde o executivo preferiu não ser identificado.
Nos últimos meses, os compradores chineses aumentaram suas aquisições de soja, buscando estocar o produto antes das eleições presidenciais nos Estados Unidos. A expectativa é de que o retorno de Donald Trump à Casa Branca em 2025 possa agravar as tensões comerciais entre Washington e Pequim, o que teria impacto nas negociações de soja.
Embora o executivo não tenha especificado os motivos para a queda nas importações previstas, ele destacou a necessidade de observar se os compradores estarão dispostos a aceitar soja dos Estados Unidos. “Se analisarmos a tendência de longo prazo, as margens de lucro da soja americana estão relativamente boas, mas é preciso monitorar a disposição do mercado em comprá-la”, afirmou o executivo.
Durante o primeiro mandato de Trump, a China impôs tarifas sobre a soja dos EUA em resposta às taxas aplicadas pelos americanos. Apesar das altas margens de lucro para os produtores norte-americanos, a demanda não foi suficiente para equilibrar a oferta, comentou o executivo. A China também se comprometeu a adquirir uma quantidade específica de produtos agrícolas dos EUA durante o acordo comercial da Fase 1, de janeiro de 2020, mas não cumpriu integralmente o compromisso.
Em outubro de 2024, a China importou 8,09 milhões de toneladas de soja, o maior volume registrado para o mês nos últimos quatro anos, representando um aumento de 56% em relação ao mesmo mês de 2023. Esse aumento nas importações pode levar as compras da China no ano civil de 2024 a atingirem um recorde histórico. Para 2025, a previsão é que a China importe entre 20 milhões e 25 milhões de toneladas de soja dos Estados Unidos, embora o volume total dependa das negociações comerciais entre os dois países, segundo Francisco Magnasco, chefe global de soja da Louis Dreyfus Company.
Além disso, a demanda por farelo de soja na China está sendo sustentada pela recuperação do setor de suínos, que, após vários anos de prejuízos, começou a registrar lucros em 2024. “Esperamos que os preços dos suínos não caiam abaixo dos custos após o Festival da Primavera de 2025, o que sustentará a demanda por farelo de soja”, acrescentou o executivo da Cofco.
Desde a escalada da disputa comercial com os EUA, a China tem tomado medidas para reduzir sua dependência de produtos agrícolas norte-americanos, como parte de uma estratégia maior para fortalecer sua segurança alimentar. Em 2024, a participação dos Estados Unidos nas importações de soja da China caiu para 18%, frente a 40% em 2016, enquanto o Brasil aumentou sua participação de 46% para 76%, conforme dados da alfândega chinesa.
O mercado global de soja, segundo Magnasco, está se preparando para um excedente significativo no próximo ano, impulsionado por uma safra abundante nos Estados Unidos e uma produção recorde na América do Sul. “O plantio nas duas regiões e as condições climáticas indicam que teremos safras recordes, o que fará a oferta superar o crescimento da demanda”, concluiu.
Fonte: portaldoagronegocio