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Juiz não anula processo: Dono do ‘Dallas Bar’ segue como réu por lavagem de dinheiro para o Comando

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2024 word1 – O juiz Jean Garcia de Freitas Bezerra, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, rejeitou nesta terça-feira (12) uma série de pedidos apresentados pelos acusados na Operação Ragnatela, que investiga um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo membros do Comando Vermelho na capital de Mato Grosso. A operação, deflagrada pela Polícia Federal, aponta que o grupo utilizava casas noturnas e eventos com artistas nacionais para movimentar dinheiro ilegal.

Entre os acusados está Willian Aparecido da Costa Pereira, conhecido como “Willian Gordão”, que seria o administrador do Dallas Bar, estabelecimento utilizado como fachada para o esquema. Segundo as investigações, o bar era palco de apresentações de funk, incluindo shows de artistas como MC Poze do Rodo. A defesa de Willian argumentou que seu direito de defesa foi limitado, alegando falta de acesso a provas, principalmente gravações de interceptações telefônicas e dados telemáticos.

O magistrado, porém, rejeitou o argumento e destacou que os trechos relevantes das interceptações foram incluídos na denúncia, o que, segundo ele, garante o direito de defesa e o contraditório. Além disso, a defesa de “Gordão” também alegou que os “grampos” foram autorizados apenas com base em uma denúncia anônima, sem provas suficientes. Jean Garcia rechaçou a argumentação e afirmou que a autorização foi devidamente fundamentada após a coleta de evidências iniciais que apontavam o envolvimento de Willian no esquema.

Outro alvo da operação, Rafael Piaia Pael, questionou a legalidade do processo alegando que não foi interrogado na fase de inquérito, o que, segundo ele, violaria seu direito de defesa. O juiz considerou o pedido infundado, afirmando que o interrogatório no inquérito não é obrigatório e que eventuais nulidades nessa etapa não comprometem o andamento da ação penal.

Já o empresário Agner Luiz de Oliveira Soares, dono de uma farmácia que teve bens como um Camaro e joias apreendidos durante a operação, solicitou a anulação da busca e apreensão realizada em sua residência. Agner sustentou que a operação foi uma “pescaria probatória”, mas o juiz refutou o argumento, destacando que a busca foi fundamentada e realizada dentro da legalidade, com a necessidade de medidas extremas, como o arrombamento de uma janela, sendo justificadas pela gravidade das suspeitas.

Após a análise das preliminares, o juiz Jean Garcia negou todos os pedidos de nulidade e marcou a audiência de instrução e julgamento para o dia 3 de dezembro, às 13h30.

Lavagem de dinheiro

Deflagrada em junho deste ano, a Operação Ragnatela identificou uma complexa rede de lavagem de dinheiro operada por membros do Comando Vermelho em Cuiabá, com a participação de empresários, promotores de eventos e servidores públicos. Segundo a Polícia Federal, casas de shows, restaurantes e outros estabelecimentos comerciais serviam para disfarçar a origem dos lucros obtidos de forma ilícita.

Entre os investigados está o vereador Paulo Henrique (MDB), acusado de usar sua influência para facilitar a obtenção de licenças e alvarás para a realização de eventos, em benefício do grupo. A reportagem apurou que o Dallas Bar, comprado por R$ 800 mil pela facção criminosa, era gerido por Willian Aparecido, preso durante a operação.

A operação ainda identificou a participação de funcionários de uma secretaria do município, que seriam responsáveis pela fiscalização dos locais utilizados pela facção, além de autorizarem shows promovidos pelo grupo. O caso ganhou repercussão após uma apresentação do cantor MC Daniel ser interrompida por tensões entre o público e o artista, em razão de sua origem paulista, estado onde predomina o Primeiro Comando da Capital (PCC), facção rival do Comando Vermelho.

Fonte: odocumento

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