Os mercados financeiros chegam à reunião desta semana do Federal Reserve com uma perspectiva mais clara sobre a continuidade da redução do balanço patrimonial do banco central dos Estados Unidos, uma medida que tem sido implementada nos últimos dois anos. Observadores próximos ao processo acreditam que o Fed poderá prosseguir com o aperto quantitativo ao longo de 2024, mesmo com a redução das taxas de juros em andamento.
Essa maior confiança está diretamente relacionada a um novo índice criado pelo Federal Reserve de Nova York, que mapeia as pressões na liquidez de curto prazo no mercado. Denominado “Reserve Demand Elasticity”, o índice parece antecipar a escassez de liquidez e, em sua primeira apresentação, indicou que os mercados monetários ainda estão relativamente bem abastecidos de recursos.
Essa situação sugere que o Federal Reserve não enfrenta grandes obstáculos para continuar o processo de redução do balanço patrimonial, que envolve a retirada gradual de títulos, prática conhecida como aperto quantitativo. Em uma nota de pesquisa divulgada no final do mês passado, analistas da LH Meyer afirmaram que o processo de esgotamento de liquidez pode continuar até o primeiro trimestre de 2024, possivelmente além disso, conforme as indicações do índice em tempo real do Fed de Nova York.
O índice do Fed de Nova York tem como objetivo abordar um dos principais componentes da política monetária do banco central: a retirada da liquidez excessiva que foi injetada nos mercados durante a pandemia de Covid-19 e suas consequências. Durante a crise, o Fed comprou grandes volumes de títulos do Tesouro e títulos hipotecários, inicialmente para estabilizar os mercados e depois para estimular a economia, quando a taxa básica de juros estava próxima de zero.
Essas compras levaram o balanço patrimonial do Fed a mais do que dobrar, atingindo cerca de 9 trilhões de dólares em 2022. No mesmo ano, o Fed iniciou o processo de permitir que os títulos vencessem sem substituições, já tendo desfeito cerca de 2 trilhões de dólares dessa dívida até o momento. Segundo uma recente pesquisa do Fed de Nova York, a carteira de ativos do banco central foi reduzida para cerca de 6,4 trilhões de dólares.
O objetivo do Fed é retirar liquidez suficiente para manter um controle firme sobre as taxas de juros e permitir a normalização da volatilidade no mercado monetário. No entanto, não há uma fórmula clara sobre até onde o aperto quantitativo pode ser levado. O diretor do Fed, Christopher Waller, afirmou em 14 de outubro que “não existe uma teoria econômica que determine o tamanho ideal do balanço patrimonial de um banco central”. Já o presidente do Fed de Nova York, John Williams, comentou em 10 de outubro que “não sabemos exatamente quando o aperto quantitativo terminará, pois isso depende das condições do mercado monetário”.
Fonte: portaldoagronegocio