Dados recentes da consultoria PwC revelam que 75% das empresas familiares no Brasil encerram suas atividades após serem assumidas por herdeiros. Esse dado é alarmante, considerando que 90% das empresas brasileiras são familiares. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) complementa essa informação, apontando que apenas 7 em cada 100 empresas conseguem sobreviver até a terceira geração. Mas quais são os fatores que tornam a sucessão familiar tão desafiadora?
Segundo Marcus Coelho, advogado e conselheiro de empresas, especialista em negociações, a ausência de um planejamento sucessório adequado, com uma transição clara e segura da liderança do fundador, pode comprometer a continuidade dos negócios familiares. O planejamento sucessório é vital para garantir que os herdeiros estejam prontos para dar seguimento ao legado do fundador, o que envolve avaliar a capacidade de gestão, bem como a disposição dos herdeiros em liderar o patrimônio empresarial e familiar.
Uma recomendação importante para as empresas familiares é, paralelamente às medidas sucessórias, preparar os herdeiros para a arte da negociação. Essa habilidade é fundamental para manter relacionamentos interpessoais saudáveis, especialmente durante o delicado processo de troca de comando. Coelho destaca: “A negociação é essencial em todos os aspectos da vida, desde o ambiente profissional até as relações pessoais. Aqueles que não dominam essa habilidade enfrentarão dificuldades, especialmente em casos de sucessão empresarial.”
Com base nessa perspectiva, Coelho elaborou sete pontos principais que podem melhorar o processo de sucessão familiar e beneficiar todos os envolvidos. Confira:
- Compreenda a história e os valores da empresa. É fundamental entender a trajetória da empresa e os valores que a fundamentam. Isso alinha as ações à cultura organizacional e respeita o legado familiar.
- Desenvolva habilidades de comunicação. A comunicação é vital em qualquer relacionamento, especialmente nas empresas familiares. Pratique a escuta ativa e mantenha uma comunicação clara para evitar mal-entendidos e resolver conflitos de forma construtiva.
- Estabeleça limites claros entre trabalho e convivência familiar. Diferencie os papéis familiares dos profissionais, tratando assuntos de negócios no ambiente de trabalho e questões familiares em casa, evitando que uma esfera interfira na outra.
- Busque formação e desenvolvimento pessoal. Invista em educação e no seu desenvolvimento profissional. A educação não apenas aumenta a competência, mas também demonstra comprometimento com o sucesso da empresa.
- Respeite as diferenças. Cada membro da família pode trazer abordagens e perspectivas distintas. “Respeitar essas diferenças pode enriquecer a gestão da empresa”, afirma Coelho.
- Considere consultoria externa. A contratação de um consultor externo pode ser benéfica para mediar conflitos e oferecer uma visão imparcial sobre questões delicadas.
- Cultive a paciência e a empatia. Relações familiares são frequentemente emocionais. “A paciência e a empatia são essenciais para lidar com situações delicadas de maneira sensível. Aprender e aplicar técnicas de negociação pode ser uma ferramenta valiosa”, conclui o especialista.
Fonte: portaldoagronegocio