Em uma iniciativa conjunta da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco) e do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR), cinco frigoríficos gaúchos do setor de ovinocultura participaram de uma reunião virtual na terça-feira, 29 de outubro. O encontro teve como principal objetivo informar o ministério sobre a realidade da indústria e identificar ações prioritárias que possam estimular tanto a criação quanto o mercado.
O consultor do MIDR, Daniel Benitez, abriu a discussão com um questionamento aos participantes sobre a existência de um mercado em expansão, considerando a produção de cordeiros padronizados. Ele solicitou sugestões para avançar na construção de uma integração efetiva entre produtores e a indústria.
Estiveram presentes os proprietários dos frigoríficos Coqueiro, Celebra, CarneiroSul, Coxilha Vermelha e Producarne. Todos concordaram que a padronização das carcaças é fundamental para assegurar um mercado consistente. Luiz Roberto Saalfeld, do Coqueiro, de São Lourenço do Sul (RS), destacou os desafios culturais enfrentados pelos produtores: “A insaciabilidade em relação aos preços é uma questão recorrente, e 99% das propriedades desconhecem seus custos de produção. O foco deve ser na educação do produtor”, enfatizou. Edson Endres, do Producarne, de Bagé (RS), complementou a discussão, apontando a importância da frequência de oferta e da relação entre margem e volume para o funcionamento da indústria.
Felipe Vogt, do Celebra, de Salvador do Sul (RS), salientou a necessidade de recursos financeiros e financiamentos acessíveis tanto para produtores quanto para a indústria. Ele mencionou incentivos públicos já existentes no Rio Grande do Sul e a nível federal, que podem ajudar a promover a retenção de matrizes, o desenvolvimento genético e a adoção de novas tecnologias, visando aumentar a produção e reduzir a ociosidade do mercado. João Bernardo, do CarneiroSul, de Gravataí (RS), propôs como primeira medida a implementação de ações de comunicação que aproximem entidades, governo, iniciativa privada e produtores. Por sua vez, Roberta Ludwig, do Coxilha Vermelha, de Alegrete (RS), apontou a importância da integração e do incentivo desde a produção até a indústria, além de relatar a escassez de rebanhos durante o inverno.
Ao final do encontro, Edemundo Gressler, presidente da Arco, enfatizou que essa reunião não deveria ser apenas mais uma entre tantas. “Se eu pudesse tocar uma tecla que simbolizasse ‘aumento de rebanho e melhorias’, eu a pressionaria incessantemente, pois o mercado está batendo à porta todos os dias. O exterior apresenta demandas, como os acordos comerciais com países africanos e sul-americanos, que visam explorar o potencial da ovinocultura”, afirmou Gressler. Ele também mencionou a transformação da Rota do Cordeiro em Rota da Ovinocultura, ressaltando a importância de um olhar abrangente para o setor no contexto nacional. O presidente da Arco ainda destacou a relevância da presença de extensionistas rurais nas propriedades e as reuniões promovidas pela entidade junto à Emater/RS e técnicos da Arco em outros estados.
Fonte: portaldoagronegocio