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Carolina Jardine
O setor lácteo brasileiro apresenta previsões otimistas para 2025, embora enfrente desafios significativos para garantir a rentabilidade no médio prazo. Essa análise foi discutida durante reunião mensal do Conseleite, realizada na terça-feira (29/10) na sede do Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat/RS), em Porto Alegre, com base em estudos conduzidos pela Embrapa Gado de Leite.
O economista e pesquisador Glauco Carvalho, responsável pela apresentação, ressaltou que a estabilidade nos preços do leite tem sido sustentada por uma expectativa de crescimento econômico de 3% no PIB para 2024, impulsionado pela expansão do crédito, aumento do consumo familiar e gastos do governo. Entretanto, Carvalho advertiu que são necessários investimentos mais robustos para assegurar o desenvolvimento sustentável do setor a longo prazo. O pesquisador também destacou a crescente competitividade do leite importado como uma ameaça real, uma vez que as importações estão aumentando em um mercado já estagnado.
Entre janeiro e setembro de 2024, a importação de produtos lácteos cresceu 6%, impulsionada principalmente por diferenças de preços: enquanto o leite em pó nacional é vendido a R$ 27,87, o importado custa cerca de R$ 20,28. Carvalho observou que, apesar das tentativas do governo de limitar as importações, a prática continua através de tradings e varejistas, resultando em uma perda de participação da produção nacional no abastecimento interno.
Para reverter esse cenário, o foco deve ser tornar a produção nacional mais competitiva, com ênfase na redução de custos. O presidente do Sindilat/RS, Guilherme Portella, apontou que essa estratégia foi bem-sucedida na expansão do setor avícola brasileiro. A ideia é aumentar o consumo interno e expandir a produção antes de explorar mercados externos. Portella destacou que a valorização de produtores eficientes deve ser uma prioridade, independentemente de seu porte ou volume de produção.
Outra oportunidade identificada por Carvalho é a exploração de nichos de mercado com maior valor agregado, considerando o perfil demográfico do Brasil, que apresenta uma população envelhecida. Com um crescimento populacional lento e renda estagnada na última década, o caminho a seguir envolve a inovação e o desenvolvimento de produtos que atendam diferentes faixas etárias e de renda. Carvalho enfatizou que a exploração de nichos de mercado e a inovação são cruciais para aumentar as vendas.
No entanto, o pesquisador alertou sobre os riscos climáticos que afetam a produção. Ele apontou que as enchentes no Rio Grande do Sul resultaram em uma perda imediata de 750 mil litros por dia na bacia leiteira gaúcha em maio. Embora a produção tenha se recuperado, a recuperação no campo é lenta, devido à escassez de alimentos para os animais. Carvalho também mencionou que, em setembro, houve aumento de até 3°C na temperatura em diversas regiões do Brasil, o que impactou a produção. Ele prevê que a situação climática deverá se normalizar no próximo trimestre, com temperaturas e chuvas mais próximas da média histórica.
Fonte: portaldoagronegocio