Em 2023, o Brasil consumiu cerca de 108 milhões de pallets, conforme revelado por José Carlos Haas Júnior, CEO da Haas Madeiras e coordenador do Comitê de Pallets e Embalagens da Abimci. Este dado, parte da primeira estimativa de consumo e produção de pallets e embalagens de madeira no país, demonstra que aproximadamente metade da produção de madeira serrada destinada ao mercado interno é utilizada na fabricação desses produtos.
A temática foi abordada no nono episódio do Podcast WoodFlow, apresentado por Gustavo Milazzo, CEO da WoodFlow, com a participação de Marcelo Wiecheteck, Head de Desenvolvimento Estratégico da STCP.
No contexto internacional, os pallets são frequentemente exportados desmontados e classificados como madeira serrada. Os principais destinos para esses produtos são o México, os Estados Unidos e o oriente médio. Segundo Haas Júnior, o pallet de pinus se destaca como o principal item no mercado externo. “Ainda não temos uma segmentação adequada para distinguir entre madeira serrada e madeira para pallets, mas a Abimci tem trabalhado para levantar esses números e compreender melhor o comportamento do mercado de embalagens de madeira”, afirmou.
Em relação ao consumo nacional, os 108 milhões de pallets representaram aproximadamente 4 milhões de metros cúbicos. Ao mesmo tempo, a produção de madeira serrada no Brasil foi de 8,2 milhões de metros cúbicos no mesmo ano, indicando que metade da madeira serrada, oriunda de pinus ou eucalipto, é destinada à produção de embalagens de madeira. Atualmente, 30% do volume de madeira utilizada para pallets é de pinus, enquanto 70% é de eucalipto. Haas Júnior observa que “o eucalipto democratizou o acesso aos pallets de madeira no país, pois suas plantações são encontradas em diversas regiões, com espécies adaptadas aos climas brasileiros. Além disso, possui características ideais, como resistência e densidade, que favorecem sua utilização em embalagens. Outra vantagem é que pode ser utilizado mesmo em sua forma verde, mantendo suas propriedades”.
Um estudo da Associação Americana de Pallets e Embalagens aponta que o consumo de pallets está diretamente relacionado ao PIB Industrial. “A análise demonstra uma correlação linear entre esses dois fatores. No Brasil, o consumo mais elevado se concentra na região sul, especialmente no Sudeste, onde a industrialização é mais intensa”, complementou.
Quanto ao futuro do setor, um dos principais desafios é a disponibilidade de madeira, devido à concorrência com outros mercados florestais, como o de celulose. “Até recentemente, as empresas de celulose buscavam florestas de maior porte, enquanto nós utilizávamos áreas menores e de difícil acesso. Contudo, com o aquecimento do mercado de fibras, até mesmo essas florestas menores passaram a ser visadas por grandes produtoras de celulose, gerando competição no setor”, alertou Júnior. Essa disputa deve se intensificar nos próximos anos, especialmente com novos projetos de celulose sendo anunciados no Brasil.
Marcelo Wiecheteck, da STCP, acrescentou que “quando uma grande empresa adquire uma floresta, leva a árvore inteira, sem mais destinar os diferentes tipos de madeira que poderiam ser utilizados pela indústria da madeira sólida”.
Haas Júnior concluiu afirmando que “93% das indústrias que armazenam e transportam produtos utilizam pallets de madeira. Não há tecnologia ou material conhecido que possa substituir os pallets ou a madeira, tornando os pallets indispensáveis. Portanto, a floresta necessária para a produção de pallets compete diretamente com as empresas de celulose”.
Fonte: portaldoagronegocio