A agricultura 4.0, caracterizada pela automação e digitalização, tem promovido uma significativa transformação no setor agrícola brasileiro. De acordo com Décio Luiz Gazzoni, engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa, o agronegócio desempenhou um papel essencial na economia do país, especialmente em períodos de baixo crescimento. Entre 2013 e 2022, enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu em média 0,4% ao ano, a produção agrícola registrou um expressivo aumento, passando de 166 milhões de toneladas de grãos em 2012 para 300 milhões em 2024, o que representa um crescimento de 81% (Gazzoni, bit.ly/47egNW1).
No entanto, esse crescimento não se traduziu em um aumento proporcional no número de empregos, como aponta uma análise da Fundação Getulio Vargas (FGV) sobre o período de 2016 a 2023. O estudo revelou que o número de empregos no agronegócio caiu de 14,34 milhões para 13,78 milhões, resultando em uma redução de 3,9%. No setor agropecuário, foram perdidos 889,2 mil postos de trabalho, sendo 583 mil na agricultura e 306 mil na pecuária. Por outro lado, a agroindústria registrou um crescimento de 331 mil vagas, impulsionado especialmente pelos setores de alimentos e bebidas.
Esses dados refletem uma mudança estrutural no mercado de trabalho, com um aumento nos postos formais e uma redução dos informais. Apesar da diminuição do número total de empregos, a qualidade das vagas melhorou. O estudo da FGV destaca um crescimento de 6,8% nos empregos formais nas propriedades rurais, enquanto as vagas informais diminuíram em 10,3%. A remuneração média também apresentou um aumento, com um crescimento de 12,6% entre 2016 e 2023, superando o aumento médio dos salários em todo o Brasil, o que indica uma valorização e formalização do trabalho no campo.
A implementação da agricultura 4.0 está, portanto, qualificando a mão de obra e elevando a produtividade no setor. As expectativas para o futuro indicam que o setor continuará a gerar empregos mais qualificados e melhor remunerados, sustentando sua competitividade global por meio de práticas sustentáveis e alinhadas aos princípios de governança ambiental, social e corporativa (ESG).
Fonte: portaldoagronegocio
