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Agronegócio

Crescimento da produção global impacta mercado internacional de milho brasileiro

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Após o Brasil registrar um recorde nas exportações de milho no ano passado, o país enfrenta desafios para inserir seu produto no mercado externo em 2024. A recuperação da oferta em importantes países produtores, juntamente com a diminuição do apetite da China, deve resultar em um aumento das reservas nacionais do cereal, o que exerceria ainda mais pressão de baixa sobre os preços no mercado interno.

De acordo com dados da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), o Brasil exportou 56 milhões de toneladas de milho em 2023. Para 2024, no entanto, espera-se que o país perca o destaque que teve no ano anterior, quando se tornou o maior exportador mundial do grão. A Anec estima que as exportações de milho em 2024 devem totalizar 41 milhões de toneladas.

Entre os analistas do mercado, as projeções são ainda mais sombrias. A consultoria Royal Rural prevê que o Brasil deverá exportar apenas 39 milhões de toneladas em 2024, em virtude da recuperação na oferta de concorrentes como a Argentina.

“No ano passado, o Brasil não enfrentou a concorrência argentina. Após sofrer com a seca, eles [os argentinos] recuperaram sua capacidade de produção, exportando 24,5 milhões de toneladas de milho de janeiro a agosto deste ano, ou seja, 7 milhões de toneladas a mais do que no ano anterior”, afirma Ronaldo Fernandez, analista da Royal Rural.

Além da Argentina, outros grandes produtores de milho, como Estados Unidos, Europa e Ucrânia, também ampliaram suas ofertas neste ano. Essa situação fez com que os compradores internacionais se sentissem mais à vontade para buscar fontes alternativas de fornecimento do cereal.

Dentre os importadores que estão optando por não adquirir milho brasileiro, destaca-se a China. Depois de ter sido o principal cliente do Brasil no ano passado, importando 17,4 milhões de toneladas das 56 milhões de toneladas que o país negociou, os embarques de milho brasileiro para a China não chegaram a 2 milhões de toneladas neste ano, segundo Fernandes.

“A China tem se esforçado para se tornar autossuficiente na produção de milho, a fim de controlar o preço da carne no mercado interno. Eles conseguiram progresso nesse sentido, recuperando áreas afetadas por enchentes”, explica o analista.

Fernandes observa que um indicativo da redução da dependência chinesa em relação ao milho importado são as projeções do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que de agosto a outubro cortou em 4 milhões de toneladas sua estimativa de importação chinesa, prevendo agora um total de 19 milhões de toneladas. O analista acredita que o USDA pode realizar novos cortes até o final do ano.

Com a intensa concorrência internacional no fornecimento de milho, Fernandes acrescenta que os estoques finais de milho no Brasil poderão atingir 10 milhões de toneladas, o maior volume desde 2018. Caso essa projeção se confirme, haverá um excesso de oferta no mercado interno, pressionando os preços e revelando problemas históricos de infraestrutura no país.

“Esse excedente de produção estressará nossa capacidade estática de armazenamento. Se as chuvas forem adequadas, a soja também terá boa produção. Com esse tamanho de estoque final, onde vamos armazenar tanto milho e tanta soja?”, questiona o analista.

Os Estados Unidos também devem conquistar uma fatia considerável do mercado mundial de milho na safra 2023/24. Com a maior produção de sua história, estimada em 389,67 milhões de toneladas, e exportações de 58,23 milhões de toneladas, de acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA, o país deve dominar as vendas externas para destinos como México e União Europeia.

“Atualmente, os grandes compradores priorizarão as aquisições de milho dos EUA, que é a origem mais barata no momento. Assim, o Brasil encontrará dificuldades para impulsionar suas exportações”, avalia Leonardo Martini, consultor em gerenciamento de risco da StoneX.

Fonte: portaldoagronegocio

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