Campinas (SP), julho de 2022 – “Hoje usamos 85% de produtos químicos e 15% de produtos biológicos. Existe uma estimativa de que, em 15 anos, vamos usar 85% biológicos e 15% de químicos”. Estas são as palavras do Prof. Dr. Sergio Miguel Mazaro, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), especialista em fitopatologia e Manejo Biológico.
Ele explica que esta estimativa é reflexo de questões como, por exemplo, a perda da eficiência de fungicidas. “Com o passar do tempo ocorreu o processo de seleção de patógenos e atualmente vários produtos estão funcionando muito pouco”.
Outro ponto que o professor cita é os desafios fitopatológicos, como a questão de fungos de solo e nematoides. “Os fungicidas, quando aplicados na parte aérea, não conseguem chegar ao solo, nem atingir o sistema radicular. Então não atingem o alvo biológico. Neste sentido, a única forma de controle é com o manejo das culturas e uso de biológicos”.
Uma terceira questão levantada pelo especialista é que a demanda por um processo de produção mais sustentável está cada vez maior. “E é ai que o uso de biológicos ganha força e entra no manejo e trazendo mais eficiência”.
Para ter eficiência de controle é preciso ter entendimento, principalmente da utilização racional das diversas soluções existentes. “Isso é, usar o que realmente é necessário, usar produtos de qualidade e que cumpram seu objetivo. Estes pilares são importantes dentro do manejo biológico para tornar o processo produtivo mais eficiente e sustentável.”.
O professor ainda dá algumas dicas para o bom uso dos biológicos:
- utilizar produtos de concentração conhecida e livre de contaminantes;
- utilizar de uma maneira que consigam atingir o alvo biológico;
- aplicação em condições ambientais favoráveis, especialmente de umidade;
- conhecer a especificidade da cepa do agente biológico contido no produto;
- verificar a compatibilidade química e biológica do produto;
- aplicar no sistema, ou seja, nas mais diferentes culturas, com isso, buscando reduzir a fonte de inóculo.
Case de sucesso
Um bom manejo biológico pode trazer inúmeras vantagens. Um grande exemplo é a utilização do inoculante biológico Phós’UP, da Tradecorp, empresa brasileira parte do Grupo ROVENSA, holding portuguesa líder em agricultura sustentável. “Ele é capaz de incrementar a produtividade da cultura da soja em até 8,7 sacos por hectare”, explica o coordenador técnico da Tradecorp, Fernando Bonafé.
Ele é formulado com a bactéria Pseudomonas fluorescens e possui alta aptidão para solubilizar o fósforo e promover o crescimento vegetal. “Os resultados de registro comprovaram a eficiência do produto em duas formas de aplicação: no tratamento de sementes e em mais uma inovação que o produto traz que é a inoculação via pulverização foliar. É o primeiro produto do mercado a ter registro para este tipo de aplicação e uso”.
“Está claro para nós que o futuro da produção agrícola está cada dia mais no que fazemos no presente. Por isso, investir em tecnologias biológicas inovadoras vão nos permitir produzir mais com menos, de forma natural e sustentável, recuperando e preservando nosso bem mais preciso, o solo”, explica o coordenador.
Para o professor Sérgio, o manejo das lavouras com o uso de produtos biológicos segue as premissas de utilização de maneira racional, efetiva e seguindo princípios de sustentabilidade. “Se conseguir usar produtos biológicos seguindo os parâmetros ideais, terá como resultado mais produtividade, com qualidade e segurança alimentar”.