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Agronegócio

Usinas de Cana na Argentina se Espelham no Modelo Brasileiro para Impulsionar Economia e Movimentar US$ 2 Bilhões

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A indústria açucareira da Argentina está em pleno movimento para seguir o exemplo do Brasil, visando transformar o setor em uma das bases econômicas mais importantes do país por meio da diversificação energética. No final de setembro, os produtores aguardavam com expectativa o lançamento de uma nova variedade de cana-de-açúcar transgênica, fruto de uma década de desenvolvimento, que permitirá o cultivo em regiões menos favorecidas por chuvas.

“Estamos muito próximos desse avanço. Acreditamos que, em até 60 dias, teremos essa variedade disponível. Ela será resistente ao glifosato e à seca. Além disso, firmamos acordos com o Brasil para desenvolver uma cana resistente à geada e à praga Diatraea”, explicou Jorge Rocchia Ferro, presidente da Companhia Açucareira Los Balcanes, uma das principais do setor na Argentina.

Com essa inovação tecnológica, Ferro acredita que a área agrícola poderá mais que dobrar, gerando uma injeção de cerca de US$ 2 bilhões (aproximadamente R$ 11 bilhões) na economia da província de Tucumán, onde a Los Balcanes está sediada. “O Brasil seguiu esse caminho e hoje é o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo. Precisamos adotar esse modelo. Desde o ano passado, já incorporamos 20 mil hectares e podemos aumentar em mais 10 mil hectares a cada ano”, acrescentou o empresário.

Diversificação e Bioetanol: Chaves para o Crescimento

Outro ponto central do plano de expansão da Los Balcanes é reduzir a dependência do mercado de alimentos, que muitas vezes pressiona os preços devido à oferta abundante. A diversificação do uso da cana-de-açúcar, especialmente com foco na produção de bioetanol, é uma estratégia fundamental. Atualmente, o bioetanol de cana-de-açúcar é misturado à gasolina em uma proporção de 6%, assim como o bioetanol de milho, que compõe outros 6% da mistura.

Embora o biocombustível esteja presente no mercado argentino há anos, a última década foi marcada por instabilidades, resultantes de frequentes mudanças nas regras governamentais. “Hoje, temos uma lei com uma fórmula de cálculo que não está sendo respeitada. Estamos recebendo cerca de 657 pesos por litro, quando o valor deveria ultrapassar 900 pesos”, destacou Ferro, principal produtor de cana da Argentina.

Segundo o setor, os preços atuais não cobrem os custos mínimos de produção. A indústria solicita um reajuste para, no mínimo, 720 pesos por litro, valor que seria compatível com a paridade de importação. Essa questão está no centro das discussões do novo projeto de Lei de Biocombustíveis, que as províncias produtoras esperam ver aprovado no Congresso ainda este ano.

Nova Legislação para Estabilizar o Mercado

A proposta legislativa pretende reduzir o poder da Secretaria de Energia na definição dos preços, transferindo essa responsabilidade para licitações entre os integrantes da cadeia produtiva. Além disso, o projeto prevê um aumento progressivo na porcentagem de mistura do bioetanol na gasolina e permitirá a entrada de novos atores, como as empresas petrolíferas, quando os preços atingirem determinado patamar.

“Estamos buscando um consenso em torno dessa nova lei para trazer estabilidade às províncias produtoras. Precisamos de regras claras para que todos possam competir de maneira justa”, afirmou o governador de Tucumán, Osvaldo Jaldo, em entrevista à Forbes.

Inovações na Geração de Energia Renovável

Além de sua produção tradicional de açúcar branco para o mercado interno e de açúcar bruto para exportação, a indústria açucareira argentina vem ampliando suas atividades, como a geração de energia elétrica renovável a partir de resíduos do processo produtivo. Recentemente, foi inaugurado o quarto projeto de cogeração com biomassa, utilizando o bagaço da cana-de-açúcar no país.

Após a extração do suco da cana, a fibra seca restante é triturada e incinerada em caldeiras, gerando calor que alimenta dois turbogeradores responsáveis por produzir cerca de 20 MW de energia elétrica. Essa quantidade de energia é suficiente para abastecer a planta industrial, e o excedente é direcionado ao sistema interligado nacional, o que equivale ao consumo de 17 mil residências. “Tudo o que fizermos para gerar novas receitas será rapidamente seguido pelo setor. A Ledesma já está com um projeto semelhante, e Tabacal e Concepción também”, concluiu Jorge Rocchia Ferro.

Fonte: portaldoagronegocio

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