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Agronegócio

Impacto dos incêndios florestais na safra de cana-de-açúcar: prejuízo de R$ 2,5 bilhões e perda de 15% da produção

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Os florestais que afetaram diversas regiões do Brasil têm causado sérios danos aos biomas, à fauna e à flora, impactando significativamente o agronegócio, especialmente as usinas e os produtores de cana-de-açúcar. Conforme estimativas da Organização de de Produtores de Cana do Brasil (ORPLANA), os prejuízos poderão ultrapassar R$ 2,5 bilhões, com cerca de 390 mil hectares impactados em estados como São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. As informações foram divulgadas durante um webinar intitulado “Incêndios florestais: prevenção, combate e impactos no agronegócio”, promovido pela Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) e pela ABAG-RP (Associação Brasileira do Agronegócio da Região de Ribeirão Preto).

O evento, que contou com a participação de especialistas, teve como detalhar os danos causados pelos incêndios, apresentar as medidas que estão sendo implementadas em São Paulo para prevenção e combate aos incêndios, além de discutir investigações criminais relacionadas e esclarecer dúvidas da imprensa. Entre os convidados estavam José Guilherme Nogueira (CEO da ORPLANA), Carolina Matos (especialista ambiental da CATI – Coordenadoria de Assistência Técnica Integral), major Jean Gomes (Corpo de Bombeiros da Militar do Estado de São Paulo) e Flavio Okamoto (promotor de justiça do Ministério Público do Estado de São Paulo). O evento online recebeu apoio da Climatempo e da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

“Infelizmente, incêndios são eventos imprevistos e incontroláveis, causando ações indesejadas em qualquer atividade agrícola. Em combinação com o clima seco, têm levado a uma drástica redução na produtividade da cana-de-açúcar. Os produtores estão se organizando para compreender os próximos passos, uma vez que os custos de replantio e são elevados. Devido às perdas, a cana só conseguirá rebrotar com a chegada de chuvas regulares e volumosas. Nesse contexto, projetamos uma quebra na safra de cana-de-açúcar de cerca de 15% em relação à safra anterior, o que impactará diretamente a oferta mundial de açúcar e, consequentemente, os preços do etanol”, afirmou José Guilherme Nogueira.

Entre janeiro e setembro deste ano, foram registrados quase 8 mil focos de incêndios florestais em São Paulo, o maior número já registrado. Essa cifra representa um aumento de 433% em comparação a 2023, quando foram contabilizados 1.488 focos. Aproximadamente 430 mil hectares foram afetados neste período, em contraste com os 34 mil hectares do ano anterior. “A situação poderia ter sido pior, mas estávamos preparados”, destacou Carolina Matos, que mencionou as ações do governo paulista para combater os incêndios, incluindo a criação de um gabinete de crise, um investimento de R$ 8,7 milhões para a proteção das Unidades de Conservação e o mobilização de mais de 20 aeronaves.

Flavio Okamoto observou que as ocorrências simultâneas e numerosas demonstraram a necessidade de reforçar a capacidade de dos municípios e órgãos de defesa, além de ampliar os treinamentos nesse campo. Ele mencionou uma proposta do Ministério Público para que haja roçadas “cerca a cerca” em todas as estradas de São Paulo. “Estamos em negociações avançadas com o Departamento de Estradas de Rodagens (DER) e discutindo com a Artesp (Agência de Transporte do Estado de São Paulo) e com a Secretaria de Parceria e Investimentos. A ideia é que essa solução seja adotada também pelas concessionárias, o que demandará alterações contratuais”, detalhou.

O major Jean Gomes, do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar de São Paulo, explicou que foram realizados estudos para medir a influência de ção mais fina, como braquiárias e capim colonião, que pode aumentar a quantidade de combustível disponível para o fogo, intensificando o volume de ocorrências. Ele mencionou a implementação de um laboratório na Reserva de Jataí (unidade de conservação localizada no município paulista de Luiz Antônio) para a realização de queimas prescritas, em 2021 e 2022, que resultaram em uma redução de 91% nos riscos de incêndio naquela área. O major também antecipou que já está sendo trabalhada a regulamentação da Política Estadual de Manejo Integrado do Fogo, instituída pela Lei nº 17.460, promulgada em 2021. “Estamos avançando nas discussões porque buscamos uma solução para essa situação. Sem uma prevenção eficaz, não teremos resultados tangíveis e duradouros no futuro”, avaliou.

Quanto ao uso de queimas prescritas, Flavio Okamoto mencionou que a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) obteve da CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) a autorização para conduzir estudos científicos em suas áreas. Atualmente, existem duas em andamento, focadas na queima prescrita, com o objetivo de reunir evidências científicas sobre essa prática. Por fim, ele ressaltou a importância do avanço representado pela Lei nº 14.944, que instituiu, em julho deste ano, a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo.

Fonte: portaldoagronegocio

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