Foto:
Fábrica da Heineken. Roberto Dziura
A indústria cervejeira do Paraná tem mostrado um crescimento robusto nos últimos anos, com investimentos aproximados de R$ 5 bilhões desde 2020. Esse montante engloba não apenas a produção da bebida, mas também toda a cadeia de insumos, desde o malte até as embalagens. O estado se destaca na produção nacional de cevada e também está fomentando o cultivo de lúpulo, ingrediente essencial na fabricação da cerveja, garantindo a qualidade do produto final apreciado pelos consumidores.
Os investimentos mencionados foram direcionados a empresas que receberam incentivos do programa Paraná Competitivo, iniciativa do Governo do Estado em colaboração com a Invest Paraná, a agência responsável por atrair investimentos vinculada à Secretaria de Estado da Indústria, Comércio e Serviços (Seic).
Eduardo Bekin, diretor-presidente da Invest Paraná, destaca que, desde 2019, houve um aumento significativo na demanda por investimentos no setor cervejeiro. “Esse volume de R$ 5 bilhões foi aportado principalmente na Região dos Campos Gerais e, mais recentemente, na Região Metropolitana de Curitiba”, afirma Bekin. Ele complementa que o setor necessitava de um processo de requalificação, com reinvestimentos nas plantas já existentes, com o suporte do programa Paraná Competitivo. “Trabalhamos junto com as empresas para delinear um modelo de benefícios e incentivos fiscais que tornasse esses investimentos viáveis. O resultado foi a geração de milhares de empregos, abrangendo tanto as grandes cervejarias quanto as microcervejarias, empresas de embalagem e fornecedores de malte, consolidando um trabalho eficaz neste nicho de mercado”, conclui.
De acordo com o Anuário da Cerveja, publicado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, o Paraná contava com 171 estabelecimentos registrados para a produção de cerveja e chope em 2023, ocupando a quarta posição no Brasil. Dados da Junta Comercial do Paraná revelam que há 289 cervejarias registradas no estado, das quais 96 foram abertas entre janeiro de 2020 e agosto de 2024, sendo 13 delas somente nos primeiros oito meses deste ano.
Maltarias e Inovação
Os investimentos no setor começam pela industrialização da cevada, matéria-prima fundamental para a produção de cerveja. Para reduzir a dependência de malte importado, seis cooperativas paranaenses se uniram para estabelecer a Maltaria Campos Gerais, a maior planta de produção de malte da América Latina, localizada em Ponta Grossa. Inaugurada em junho com a presença do governador Carlos Massa Ratinho Junior, a maltaria recebeu R$ 1,6 bilhão em investimentos das cooperativas Agrária, Frísia, Castrolanda, Capal, Bom Jesus e Coopagrícola, com previsão de produção de 280 mil toneladas de malte anualmente, o que corresponde a 15% da demanda nacional.
Em 2023, o Brasil importou 814,5 mil toneladas de malte, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Esse volume impactou a balança comercial nacional em US$ 541,4 milhões. O Paraná respondeu por 160,6 mil toneladas dessas importações, gerando uma receita de US$ 104,8 milhões.
A Cooperativa Agrária, pioneira na produção de cevada para a indústria cervejeira, anunciou um investimento adicional de R$ 500 milhões em uma nova maltaria na colônia Entre Rios, em Guarapuava. Este empreendimento, desenvolvido em parceria com a empresa alemã Ireks, será o primeiro no Brasil a produzir maltes especiais, atualmente importados, para atender ao mercado nacional.
Expansão e Geração de Empregos
Um exemplo de investimento significativo na indústria cervejeira é o da multinacional holandesa Heineken, que estabeleceu uma unidade em Ponta Grossa em 2016. Desde 2020, a empresa tem ampliado sua planta, inicialmente com um aporte de R$ 865 milhões, que acabou se elevando para R$ 1,5 bilhão, mais do que dobrando sua capacidade produtiva. A unidade paranaense é a maior produtora da marca Heineken no Brasil, além de ser a única a fabricar a versão zero álcool, Heineken 0.0%.
Durante as obras, mais de 1.400 postos de trabalho foram criados, e atualmente, a unidade conta com 255 funcionários, gerando 575 empregos diretos e milhares de indiretos. Além da cerveja Heineken, a planta também produz outras marcas como Amstel, Sol, Bavaria e Kaiser, e é pioneira na produção de cerveja retornável de 330 ml.
Recentemente, o grupo paranaense RFK anunciou a construção de uma nova cervejaria em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. A fábrica contará com tecnologia avançada e inteligência artificial para otimizar a produção, prevendo iniciar suas operações no primeiro semestre de 2026, com uma capacidade estimada de envasar 1,2 bilhão de litros de bebidas por ano. A planta planeja lançar inicialmente duas marcas próprias de cerveja, a Bamboa e a Moema, além de um terceiro rótulo e outras bebidas de seu portfólio.
Fonte: portaldoagronegocio