A elevada demanda do setor de carnes é um dos fatores que têm sustentado os preços do milho no Brasil. De acordo com o consultor da Safras & Mercado, Paulo Molinari, que participou do segundo dia do 8º Safras Agri Week, um evento online e gratuito realizado esta semana, a manutenção dos preços do milho em patamares favoráveis está ligada também ao bom desempenho das exportações e à demanda significativa para a produção de etanol.
Molinari destaca que, considerando a redução da safra brasileira de milho em relação ao ano anterior, um embarque acumulado de 24 milhões de toneladas neste ano pode ser considerado positivo. “Se o ritmo de embarques permanecer aquecido, o país poderá chegar ao final do ano comercial com embarques de até 40 milhões de toneladas. No entanto, isso gera preocupação em relação aos estoques de passagem, que podem ficar em torno de 7 milhões de toneladas”, observa.
O consultor explica que a preocupação em relação aos estoques de passagem está relacionada à diminuição da área da safra de verão, que deverá ser reduzida em 20% a 25% no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Em estados como São Paulo e Minas Gerais, a situação é incerta, uma vez que o atraso na entrega de insumos e a falta de chuvas impedem o início do plantio. “Diante desse cenário, é provável que o primeiro semestre do próximo ano apresente um ajuste significativo entre a oferta de milho e a demanda”, avalia.
Molinari enfatiza que a demanda por milho no Brasil deve crescer, especialmente para a produção de etanol, já que em 2025 seis novas usinas de grande porte entrarão em operação no país. De modo geral, o consultor acredita que, devido à menor oferta prevista de milho na primeira metade do ano, a safrinha de 2025 deverá exercer influência significativa no movimento especulativo de preços do cereal. “Sem dúvida, o próximo ano deve ser marcado por um cenário mais dinâmico em termos de preços e de abastecimento de milho”, prevê.
Diferentemente do que ocorreu neste ano, com colheitas precoces da safrinha a partir de maio, a entressafra de 2025 deve ser mais prolongada, com as primeiras colheitas ocorrendo dentro de um período mais tradicional para a cultura, a partir de julho.
Fonte: portaldoagronegocio
