O Conselho Paritário Produtor/Indústria de Leite de Santa Catarina (Conseleite-SC) anunciou, na última sexta-feira (27), um reajuste de 9 centavos no preço do leite padrão. A decisão foi tomada durante uma reunião on-line que, além de estabelecer novos valores de referência, buscou soluções conjuntas para os problemas que afetam o setor lácteo.
O encontro foi aberto pelo presidente do Sistema Faesc/Senar, José Zeferino Pedrozo, e pelo vice-presidente do Sindileite, Valter Antonio Brandalise, que aproveitaram a ocasião para felicitar a Tirol pelos seus 50 anos de atuação e parabenizaram José Carlos Araújo, novo presidente do Conseleite, por assumir o cargo.
Pedrozo fez uma análise do cenário atual do mercado de leite, ressaltando que a lei da oferta e da demanda continua a ditar os rumos do setor. “Quando há excesso de oferta, os preços caem, como observamos recentemente. Isso não ocorre pela produção nacional, mas pelas importações excessivas que têm impacto significativo. Estamos enfrentando dificuldades para sermos competitivos, especialmente em comparação com países como Argentina, Uruguai e Nova Zelândia. No entanto, há expectativas de que esse quadro se reverta”, afirmou.
Ao discutir a necessidade de aumentar a competitividade do setor, Pedrozo destacou dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que indicam que a região Sul permanece como a maior produtora de leite do país. “No segundo trimestre, a captação na região foi de 2,27 bilhões de litros. No entanto, enquanto houve uma leve retração em Santa Catarina, o Rio Grande do Sul sofreu uma queda expressiva. A grave crise climática que atingiu o estado, responsável por um terço da captação da região, resultou em uma redução de 10% no desempenho trimestral, evidenciando a seriedade da situação enfrentada pelos produtores gaúchos. No acumulado do ano, essa retração representa uma perda de 114 milhões de litros no volume estadual”, explicou.
Reajuste no preço do leite
O reajuste de 9 centavos no preço do leite padrão foi uma das principais pautas da reunião. Segundo José Carlos Araújo, a expectativa é negociar com a indústria um aumento que pode chegar a 10 centavos. “A captação de leite diminuiu, assim como as importações. No entanto, ainda é cedo para celebrar, pois a situação é recente e não sabemos se será sustentável”, ponderou.
Araújo também destacou a qualidade das análises apresentadas durante o encontro pelos professores que traçaram um panorama do mercado lácteo. O aumento no preço dos produtos lácteos ao consumidor, segundo ele, foi impulsionado pela maior demanda, reflexo da geração de empregos. “O mês de agosto registrou o melhor desempenho do ano em termos de criação de postos de trabalho, o que impactou diretamente o consumo de produtos lácteos”, comentou.
Para finalizar, Araújo esclareceu que o valor de referência anunciado se aplica ao leite padrão, sendo que ágios e deságios de preço são aplicados conforme a qualidade e o volume de leite entregue pelos produtores. O Conseleite-SC segue monitorando de perto o mercado de leite no estado de Santa Catarina.
Fonte: portaldoagronegocio