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Agronegócio

Transformação de Resíduos Orgânicos em Tecnologia Sustentável: Conheça o Núcleo de Compostagem em São Paulo

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O manejo de resíduos gerados nas grandes cidades tem sido desafiador, mas uma das respostas mais eficazes vem do Núcleo de Produção de Composto Orgânico da Coordenadoria de Fauna Silvestre (CFS), ligado à Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do estado de São Paulo (Semil). Situada no Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, essa instituição desempenha um papel crucial na pesquisa e transformação de resíduos orgânicos em adubo de alto valor agregado e em novos produtos biotecnológicos.

Com o apoio da Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa do Agronegócio (Fundepag), o Núcleo de Compostagem tem suas origens na antiga Fundação Parque Zoológico de São Paulo. Inicialmente criado para processar os resíduos orgânicos gerados pela instituição, o Núcleo continuou a operar sob a administração estatal mesmo após a privatização do zoológico, mantendo sua função de transformar resíduos em adubo orgânico de qualidade.

O adubo é produzido a partir de materiais orgânicos coletados dentro do zoológico, passando por um rigoroso processo de licenciamento ambiental conduzido pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB). Conforme as normas, o adubo resultante é utilizado exclusivamente nas áreas do Zoológico de São Paulo, incluindo suas zonas florestadas, gramadas e na Fazenda do Zoológico, contribuindo para a manutenção e fertilização desses espaços.

Irys Gonzalez, diretora do Centro de Pesquisa Aplicadas à Fauna Silvestre, ressalta que a instituição não apenas processa resíduos, mas também se destaca como um centro de pesquisa em microbiologia. Em colaboração com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), foram identificados microrganismos com potencial biotecnológico, resultando na criação de uma coleção de microrganismos isolados que amplia as possibilidades de pesquisa e inovação na área.

Desde sua fundação em 2004, o Núcleo tem enfrentado desafios e busca constantemente expandir suas capacidades. Atualmente, recebe cerca de 20 toneladas de resíduos orgânicos por mês, provenientes do zoológico e de outras fontes controladas. Esses materiais são processados em 44 células de compostagem, onde ocorre um meticuloso processo de transformação, monitorado por temperatura para assegurar a eficiência e qualidade do produto final.

Além de suas atividades operacionais, o Núcleo se estabelece como um hub de conhecimento, promovendo colaborações com pesquisadores e instituições interessadas em desenvolver práticas sustentáveis de gestão de resíduos. Ivan Zaragueta, diretor Técnico do Núcleo de Produção de Composto Orgânico, destaca que essa abordagem colaborativa posiciona o Núcleo como um pioneiro em inovação tecnológica e sustentabilidade ambiental no estado.

Financiado principalmente pelo Estado e por contratos de prestação de serviços, incluindo um com a Reserva Paulista, o Núcleo planeja reinvestir recursos em pesquisa e desenvolvimento, ampliando seu impacto na comunidade científica e ambiental. O desafio atual não se limita à otimização dos processos de compostagem, mas também à busca de novas formas de aplicação e comercialização do composto orgânico produzido.

Produtos Derivados e Avanços Científicos

No cenário da pesquisa ambiental e biotecnológica, o Núcleo de Produção de Composto Orgânico da CFS se destaca por sua inovação e compromisso com a sustentabilidade. Além do composto orgânico, o Núcleo também produz um lixiviado resultante da decomposição do material orgânico, que não só umedece as canchas de compostagem, mas também contribui para a economia de água.

Esse lixiviado, rico em biodiversidade bacteriana, pode ser utilizado como fertilizante natural em algumas plantações, sempre respeitando as recomendações técnicas. Ele também acelera a decomposição da matéria orgânica quando reaplicado, tornando-se um aliado importante no processo de compostagem.

A contribuição do Núcleo para a pesquisa científica na área de biotecnologia é notável. Com uma coleção extensa de bactérias isoladas e registradas, está na vanguarda da exploração de novas aplicações biotecnológicas. Sob a liderança de Irys Hany Lima Gonzalez, a equipe investiga o potencial das bactérias para a produção de polímeros e compostos farmacêuticos, além de colaborar com a startup Scientia, que desenvolve novos produtos inovadores utilizando o acervo biotecnológico do Núcleo.

A parceria com a Fundepag é fundamental para o desenvolvimento e promoção dos serviços do Núcleo, facilitando a precificação e comercialização de serviços de consultoria e assessoria técnica. Com o compromisso de explorar novas aplicações para suas descobertas, o Núcleo não apenas visa a redução da pegada de carbono, mas também se posiciona como um potencial catalisador de inovação social.

Para o futuro, o Núcleo planeja expandir suas atividades, almejando não apenas se tornar uma referência em consultoria e assessoria técnica, mas também uma unidade de processamento de resíduos orgânicos em larga escala. “Esse objetivo ambicioso fortalecerá nossa posição como líder em biotecnologia e sustentabilidade, promovendo práticas ambientais responsáveis e eficientes”, conclui Irys.

Fonte: portaldoagronegocio

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