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Agronegócio

Explorando o Legado Cultural e Familiar do Cacau na Amazônia

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O mercado de cacau no Brasil movimenta anualmente cerca de R$ 3,5 milhões, com o Pará destacando-se como o maior produtor nacional, responsável por mais da metade desse valor, equivalente a R$ 1,8 milhão por ano. Nesse cenário, a família Maia se destaca por sua dedicação à valorização dos povos originários da floresta, por meio de um empreendedorismo de impacto. Noanny Maia, CEO da Cacauaré, explica que o negócio nasceu da necessidade de resgatar o cacau e o legado familiar na região de Mocajuba, uma cidade ribeirinha situada a 240 km de Belém.

“Estamos na quarta geração de produtores de cacau em Mocajuba e, ao buscarmos honrar o legado de nosso avô, nos deparamos com uma realidade bem diferente da que ele deixou. Os impactos socioambientais afetaram a cultura do cacau na nossa região, incluindo o desmatamento, a baixa qualidade de vida dos produtores ribeirinhos e a desvalorização do Cacau Nativo, que é considerado especial”, relata Noanny.

A Cacauaré adota um modelo de negócios que atende tanto empresas quanto consumidores individuais, visando proporcionar acesso a produtos de alta qualidade originários da Amazônia, com praticidade e a um preço justo, além de promover um resgate histórico. “Por meio de experiências imersivas relacionadas ao ritual e à cerimônia do cacau, assim como o turismo em Mocajuba, oferecemos muito mais do que produtos físicos”, complementa a empreendedora.

Valorização das Culturas Nativas

A Cacauaré resgata a tradição que vê o cacau como alimento sagrado, que nutre o corpo e conecta com energias espirituais. Em 2023, a empresa obteve uma margem de lucro 30% superior à média dos produtos florestais. “Resgatamos o uso ritualístico do cacau para valorizar o cacau nativo da Amazônia e as cadeias produtivas que podem ser impactadas por essa nova abordagem, como as pimentas nativas, que comercializamos através de indígenas da Tribo Wai Wai. Com nosso trabalho, beneficiamos mais de 30 famílias de produtores de cacau, castanha, mandioca e pimenta, e juntos produzimos mais de cinco toneladas de amêndoas de cacau, contribuindo para a preservação de mais de 500 hectares de floresta nativa produtiva. Também atingimos novos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Este ano, lançaremos a Escola das Guardiãs da Sabedoria da Floresta, um projeto de infoprodutos voltado a compartilhar conhecimentos sobre as tradições da cultura amazônica, e nossa primeira turma já conta com 10 inscritas no Estudo sobre Cerimônia do Cacau”, celebra Noanny.

O legado e a tradição familiar são respaldados pela tecnologia, com a rastreabilidade dos produtos realizada por meio de blockchain, garantindo a legitimidade e a origem dos insumos.

Oportunidades no Setor de Cacau

A produção de cacau no Brasil, realizada em grande escala para atender a grandes marcas de chocolate, oferece oportunidades significativas. Segundo Victor Moreira, pesquisador da Fundação CERTI e coordenador da Jornada Amazônia, as startups do setor de alimentos e bebidas têm um grande potencial no mercado de chocolate fino, que proporciona maior valor agregado.

“O mercado de cacau está bem valorizado, o que possibilita a venda de cacau fino a preços mais altos devido às oscilações do mercado global. Além disso, a fruta pode ser utilizada na produção de outros itens, como nibs de cacau, cacau em pó e manteiga de cacau, ampliando ainda mais seu valor”, observa Janice.

A Cacauaré participou do Sinapse da Bioeconomia, um programa de pré-incubação que incentiva a criação de novos negócios, integrado à Plataforma Jornada Amazônia. Em 2023, o programa apoiou 71 novos empreendimentos, com mais 70 sendo selecionados em setembro. Os empreendedores participantes recebem treinamentos e capacitações, além de suporte para a formalização de seus negócios, uma iniciativa coordenada pela Fundação CERTI em parceria com o Instituto CERTI Amazônia e com o apoio de instituições financeiras como Bradesco, Fundo Vale, Itaú Unibanco e Santander.

Fonte: portaldoagronegocio

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