O mercado avícola brasileiro tem se beneficiado de custos baixos, que continuam a favorecer o setor, mesmo com uma redução nas exportações. Segundo o relatório Agro Mensal de setembro, divulgado pela Consultoria Agro do Itaú BBA, a situação atual reflete uma melhora nos spreads e nas condições de mercado, apesar dos desafios enfrentados recentemente.
O embargo relacionado ao surto de Newcastle no Rio Grande do Sul impactou as exportações em agosto, resultando em uma redução no volume exportado. Contudo, os preços de embarque e do mercado doméstico mostraram sinais de recuperação, e os custos, que haviam aliviado, contribuíram para a melhoria dos spreads. Em agosto, os custos da avicultura apresentaram uma leve queda de 0,8%, enquanto os preços da ave viva subiram 4,3%, o que ajudou a aliviar o spread após dois meses negativos. No início de setembro, os preços do milho e do farelo de soja voltaram a subir, ajustando os custos aos preços atuais, que estão em R$ 4,63/kg vivo.
No mercado atacadista, em São Paulo, o frango inteiro congelado apresentou aumentos modestos em agosto e na primeira quinzena de setembro, com elevações de 2,7% em relação a julho e de 1% comparado a agosto.
No segmento das exportações, os envios de carne in natura em agosto totalizaram 356,4 mil toneladas, uma queda de 18% em relação a julho e de 13% em comparação a agosto do ano passado. Essa redução foi resultado dos embargos impostos após o surto de Newcastle, que ainda não foram totalmente resolvidos. Os embarques para a China, por exemplo, diminuíram de 61 mil toneladas em julho para 16 mil toneladas em agosto.
Apesar da redução nos volumes exportados, o preço médio da carne embarcada subiu 9,6% em relação ao mês anterior, marcando a maior alta desde maio de 2019. Esse aumento foi impulsionado pelo incremento das exportações para países de maior valor agregado, como o Japão.
Os dados do IBGE revelam que a produção de carne de frango acelerou no segundo trimestre de 2024, com um crescimento de 2,1% em relação ao trimestre anterior, após uma queda de 2,5% no primeiro trimestre. Os abates alcançaram um novo recorde histórico.
O cenário para o setor avícola continua positivo, com custos de ração controlados e demandas interna e externa favoráveis. No mercado interno, a maior procura é impulsionada pelos preparativos para o final do ano. No mercado externo, o setor tem compensado as restrições da China com exportações para outros destinos, como Emirados Árabes, Japão e Arábia Saudita.
A previsão para 2025 indica um crescimento de 2% na produção e de 0,9% no consumo na China, de acordo com o adido do USDA. No entanto, as importações chinesas devem cair 33%, refletindo uma menor presença do país asiático no mercado de importações. Apesar disso, o cenário continua favorável para as exportações brasileiras.
Com uma leve redução nas exportações este ano – ainda assim superior ao recorde histórico de 2023 – a sustentabilidade dos preços nos próximos meses dependerá da velocidade de produção. Caso as exportações não alcancem os níveis do ano anterior, será ideal que o setor ajuste os alojamentos para manter o equilíbrio do mercado.
Fonte: portaldoagronegocio