A comercialização da safra de café 2024/25 no Brasil ganhou ritmo nas últimas semanas, com 54% da produção já negociada, segundo dados divulgados pela Safras & Mercado. O levantamento, que também apresenta um panorama inicial das vendas da safra 2025/26, aponta que os produtores brasileiros têm mantido uma postura estratégica, aproveitando o cenário favorável de preços e a maior disponibilidade física com o fim da colheita.
Até 10 de setembro, o volume de vendas representava um avanço de 14 pontos percentuais em comparação ao mês anterior, superando o desempenho do mesmo período em 2023, quando 50% da safra havia sido comercializada. O resultado também se alinha à média histórica dos últimos cinco anos, que também gira em torno de 54%.
As vendas de café arábica somam 48% da produção, um leve aumento em relação ao ano anterior, que registrou 47%, mas ainda abaixo da média de 52% dos últimos cinco anos. Segundo Gil Barabach, consultor da Safras & Mercado, os preços mantidos em patamares elevados e as incertezas sobre a próxima safra têm feito com que os produtores adotem uma estratégia mais cautelosa. “Esse cenário de preços conforta o produtor a diluir suas vendas gradualmente. Sem uma queda acentuada nos valores, essa postura deve continuar”, afirma Barabach.
A comercialização antecipada da safra 2025/26 também começa a tomar forma, com 11% do potencial da produção de arábica já negociado, o que representa cerca de 8% do total de café, considerando as variedades arábica e conilon.
No caso do conilon, as vendas aceleraram significativamente, com 66% da produção já comercializada até o início de setembro, superando tanto o percentual do mesmo período de 2023 (57%) quanto a média dos últimos cinco anos (56%). Barabach atribui essa rápida comercialização ao tamanho da safra, menor que o esperado, e aos preços valorizados, impulsionados pela agressividade dos exportadores. “O mercado segue focado na exportação, enquanto a indústria nacional reduz a compra de conilon e aumenta o uso de arábica em suas misturas”, conclui o consultor.
A evolução das negociações, especialmente com o arábica, reflete um cenário de cautela e estratégia por parte dos produtores, que buscam garantir um bom retorno financeiro em um mercado marcado pela volatilidade e incertezas climáticas.
Fonte: portaldoagronegocio