O consumo de milho para a produção de etanol deve atingir 17,3 milhões de toneladas em 2024, representando 21% do consumo doméstico da commodity. Este aumento é um reflexo do crescimento do setor, conforme revelado no mais recente relatório da Consultoria Agro do Itaú BBA, que atualiza o panorama dos investimentos em etanol de milho e examina os desdobramentos para o mercado de DDGs (Dried Distillers Grains with Solubles).
Atualmente, o Brasil conta com 21 usinas de etanol que utilizam milho como matéria-prima. Destas, 11 estão localizadas no Mato Grosso, 6 em Goiás, 2 no Mato Grosso do Sul, e uma em cada um dos estados do Paraná e São Paulo. Embora a produção esteja concentrada no Centro-Oeste, novos projetos prometem expandir essa atividade para a região Norte-Nordeste à medida que os investimentos avancem.
Das 21 usinas, 11 são especializadas exclusivamente em milho, enquanto as demais operam como usinas flex, que produzem etanol tanto de cana-de-açúcar quanto de milho. Essas usinas flex podem ser classificadas como integradas, quando utilizam a mesma caldeira de biomassa, ou anexas, quando operam de forma quase independente.
Novos Investimentos e Expansão do Mercado
O setor de etanol de milho continua a se expandir, com previsão de que mais quatro projetos comecem a operar ainda este ano. A área de crédito do Itaú BBA identificou 22 novos projetos ou expansões de plantas existentes, totalizando um acréscimo de mais de 5 bilhões de litros em capacidade de produção. Entretanto, estimamos que apenas 6 desses projetos estarão em operação até o final de 2026.
Além disso, o foco está se voltando para o etanol de trigo, com três projetos em andamento no Rio Grande do Sul, com capacidade estimada em 385 milhões de litros anuais. No entanto, esperamos que apenas 15 milhões de litros estejam disponíveis em 2025, com uma expectativa de aumento no uso de trigo e sorgo nos próximos anos.
A disponibilidade de biomassa é um fator crucial para a viabilidade desses novos projetos. Usinas flex têm a vantagem de integrar a geração de energia, reduzindo a necessidade de compra de biomassa de terceiros, o que pode ser um desafio para as novas usinas.
Produção e Consumo de Etanol
Para o ano safra 2024/25, a expectativa é que a produção de etanol de milho alcance 7,8 bilhões de litros, marcando um crescimento de 25% em relação à safra anterior. Esse crescimento deverá continuar em 2025/26, com uma projeção de 8,7 bilhões de litros. Essas estimativas consideram a entrada das novas plantas no horizonte do estudo.
Impacto no Consumo de Milho
O aumento na produção de etanol reflete diretamente no consumo de milho. Para o ano calendário de 2023, estimamos que 13,4 milhões de toneladas de milho foram consumidas na produção de etanol, com um aumento projetado para 17,3 milhões de toneladas em 2024. Em 2025, espera-se que o consumo atinja 19,4 milhões de toneladas.
O consumo interno de milho para 2024 é estimado em 83,3 milhões de toneladas, um aumento de 5% em relação ao ano anterior. Desse total, 67% será destinado à ração animal, 21% à produção de etanol e 12% a outros usos. A participação do etanol no consumo de milho deve crescer em cerca de 4 milhões de toneladas.
Mercado de DDGs
A produção de DDGs, um subproduto do etanol, está projetada para atingir 5,2 milhões de toneladas em 2024, um aumento de 28% em relação ao ano anterior. Em 2025, a produção deve chegar a 5,9 milhões de toneladas. As exportações de DDGs cresceram significativamente, alcançando 491,5 mil toneladas no acumulado de janeiro a agosto de 2024, com uma expectativa de 744 mil toneladas até o final do ano.
O DDGs pode substituir milho, farelo de soja ou caroço de algodão na ração animal, mas seu uso é limitado e ainda necessita de mais pesquisas para avaliar seu impacto no desempenho dos animais. O Paraná se destaca como o maior potencial de demanda por DDGs, seguido por São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás.
No entanto, o mercado de DDGs enfrenta desafios, incluindo questões logísticas, padronização do produto e custos de frete. A falta de um mercado com precificação internacional e uma bolsa de referência também limita o planejamento de longo prazo.
A competitividade de preços será um fator decisivo para o crescimento do mercado de DDGs no Brasil. Atualmente, o preço do DDGs está entre 1,3 e 1,5 vezes o preço do milho, e será necessário reduzir essa relação para promover uma maior utilização do insumo no mercado doméstico.
Fonte: portaldoagronegocio