Com o fim do vazio sanitário em diversas regiões do Brasil, a partir de setembro, os produtores de soja iniciam os preparativos para a nova safra, que promete crescimento de 12% para o ciclo 24/25, segundo a consultoria DataAgro. No entanto, a temporada poderá ser marcada por desafios climáticos, como a influência do fenômeno La Niña, e por questões econômicas, como o aumento dos estoques globais de soja e uma safra recorde nos Estados Unidos. Esses fatores devem impactar tanto os custos de produção quanto os preços de comercialização da commodity.
A previsão de La Niña, que aponta para uma forte estiagem no Sul do país e aumento das chuvas no Norte, exige um planejamento cauteloso dos produtores. “Embora o La Niña possa ser de intensidade moderada ou fraca em algumas regiões, é fundamental que o produtor leve em consideração essas variações climáticas para ajustar seu manejo e garantir uma boa produtividade, especialmente em áreas como o Sul, onde há previsão de escassez de água”, destaca Filipe Traldi, agrônomo e Coordenador Técnico de Mercado da Nitro, empresa brasileira especializada em insumos para o agronegócio.
Traldi enfatiza a importância de um manejo adequado no Sul, onde a falta de água é uma preocupação crescente. “O manejo de base, com boa preparação do solo e fornecimento de nutrientes, será essencial. O uso de enxofre pastilhado, ulexita, micronutrientes como níquel, cobalto e molibdênio, junto com bioestimulantes e produtos biológicos, como o Bacillus aribatae, é crucial para o bom desenvolvimento inicial das plantas”, explica o especialista.
Nas regiões Norte e Centro-Oeste, onde os impactos do La Niña devem ser menos severos, os produtores têm a oportunidade de aumentar a rentabilidade por hectare. “Recomenda-se a reaplicação de níquel, cobalto, molibdênio, além de cobre, zinco e manganês, para mitigar ondas de estresse e garantir o bom funcionamento das plantas”, acrescenta Traldi.
Outro ponto de atenção para os produtores é o controle de pragas, como a lagarta-da-soja e os percevejos, que tendem a ser mais prevalentes em climas quentes e com mudanças sazonais. O percevejo, uma das principais pragas da cultura, pode reduzir a rentabilidade em até 30%, tornando essencial o manejo preventivo. “O uso antecipado de produtos biológicos, como o Telenomus podisi para o combate ao percevejo, é crucial para proteger a lavoura. O manejo integrado, que combina químicos e biológicos, também é uma estratégia eficaz. Estar preparado para agir rapidamente faz toda a diferença”, ressalta Traldi.
Apesar do cenário de estoques globais elevados, que pode pressionar os preços da soja, a rentabilidade dos produtores não depende exclusivamente da cotação de venda. A previsão é de preços estáveis, com uma leve queda nos custos de produção, entre 5% e 10%, segundo a DataAgro. “A chave para uma renda maior será a estratégia adotada. Investir em tecnologias e insumos de qualidade é essencial para otimizar a produtividade e garantir grãos de alta qualidade, mesmo em um ano desafiador. Um manejo preventivo eficiente pode reduzir custos e aumentar a lucratividade”, conclui o agrônomo.
Fonte: portaldoagronegocio