Durante o workshop sobre o Sistema de Monitoramento de Carbono do Cerrado em Larga Escala (CMS4D), realizado na Universidade de Brasília entre 13 e 15 de agosto, o pesquisador Edson Sano, da Embrapa Cerrados, apresentou os avanços e desafios no monitoramento da intensificação agrícola no Cerrado. O evento, que ocorreu tanto presencialmente quanto online, abordou o papel das tecnologias no desenvolvimento de uma agricultura sustentável e os obstáculos atuais enfrentados na monitorização via satélite.
Avanços Tecnológicos para a Sustentabilidade
Na sua apresentação do dia 14 de agosto, Sano destacou diversas tecnologias que visam reduzir a emissão de carbono e a ocorrência de queimadas, com foco nas inovações que permitem a expansão da produção sem a necessidade de aumentar a área cultivada. Entre as tecnologias discutidas, destacou-se o sistema de plantio direto, adotado por mais da metade das propriedades agrícolas do Brasil, com uma área superior a 12 milhões de hectares no Cerrado. Este método reduz a erosão do solo e melhora a umidade, ao mesmo tempo em que diminui os custos para os produtores.
Sano também mencionou a tecnologia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), que combina diferentes arranjos produtivos, como milho e braquiária, trazendo benefícios como aumento da produtividade, sequestro de carbono e controle da erosão. Esse sistema permite uma utilização mais eficiente da terra, aumentando o tempo de uso da propriedade de quatro para até nove meses por ano.
Desafios no Monitoramento Satelital
O monitoramento agrícola, que antes utilizava imagens do programa Landsat na década de 1990, evoluiu significativamente com a capacidade de gerar mapas em questão de minutos. No entanto, o aumento da complexidade dos sistemas de produção, como o predominante milho safrinha, impõe desafios à precisão do monitoramento devido à limitação temporal para capturar imagens suficientes.
Sano identificou dois avanços promissores: o satélite Biomass, da Agência Espacial Europeia, que será lançado este ano e pode diferenciar até oito níveis de biomassa, e o satélite de radar ALOS-4, da Agência Espacial Japonesa, que obtém imagens da superfície terrestre independentemente da cobertura de nuvens.
Entre os desafios atuais, Sano destacou a dificuldade de mapear pastagens degradadas e estimar o estoque de carbono nos subsolos do Cerrado. Identificar pastagens degradadas é complexo devido à variabilidade nas propriedades, e a quantificação do carbono armazenado no subsolo representa um desafio significativo para futuras pesquisas.
O workshop contou com a colaboração da Universidade da Flórida, do Programa de Ação da Terra da NASA e de diversas instituições brasileiras, incluindo a Embrapa Cerrados. Para mais informações sobre o projeto CMS4D, acesse o link do projeto.
Fonte: portaldoagronegocio