Durante o 5º DATAGRO Abertura de Safra Soja, Milho e Algodão, realizado em Cuiabá nos dias 27 e 28 de agosto, o painel “Perspectivas para o Mercado de Biodiesel” abordou as mudanças e os desafios enfrentados pelo setor no Brasil. Moderado pelo ex-senador Cidinho Santos, o debate contou com a participação de Daniel Goulart, gerente executivo de biodiesel e originação de sebo da Minerva Foods; Donizete Tokarski, CEO da Ubrabio; e Rodrigo Prosdócimo Pansera Guerra, Diretor-Presidente da Bio Óleo e do Sindibio-MT.
O painel destacou a importância do biodiesel na matriz energética brasileira, mas também os altos e baixos enfrentados pela indústria. Como observou Cidinho Santos, o setor vive momentos de grande valorização, seguidos por períodos de desvalorização extrema.
Rodrigo Guerra relembrou que, apesar do biodiesel ter sido regulamentado no Brasil em 2005, seu desenvolvimento acelerou a partir de 2008, com a introdução de biocombustíveis na matriz elétrica por meio de lei. Esse marco foi crucial para o crescimento do setor, valorizando matérias-primas antes subestimadas. Entre 2018 e 2019, o biodiesel experimentou um auge, impulsionado por investimentos significativos devido ao ambiente jurídico e comercial favorável. No entanto, em 2021, mudanças nas leis de mistura obrigatória impuseram desafios ao crescimento planejado.
Guerra destacou ainda que 2023 trouxe um alívio para o setor, com a implementação de novas regras que beneficiaram o mercado e com a discussão do Projeto de Lei Combustível Futuro, que acenou com “perspectivas positivas” para os produtores.
O crescimento do setor impulsionou o uso de novas técnicas e matérias-primas. Daniel Goulart destacou que, em 2017, o sebo bovino, anteriormente visto como passivo ambiental, passou a representar até 20% da produção de biodiesel. No entanto, ele alertou sobre a necessidade de modernização das usinas brasileiras para competir com o mercado internacional, especialmente com os Estados Unidos, que tem investido em combustíveis HVO (diesel renovável) e SAF, concorrentes diretos do biodiesel.
Encerrando o painel, Donizete Tokarski enfatizou que o Brasil possui abundância de matérias-primas e capacidades técnicas para expandir a produção de biodiesel. “O que falta é estabilidade jurídica”, afirmou o CEO da Ubrabio, sintetizando um dos maiores desafios para o futuro do setor.
Fonte: portaldoagronegocio